foto tukayana.blogspot
Ela me aguarda. A espreguiçadeira. A praia, escolha minha. O mar que está gelado e calmo, parece lagoa. Uma imensa lagoa a perder de vista. Onde podia até inventar a kianda. Transformar alforrecas em estrelas do mar e peixe aranha fossilizado em conchinhas e ostras de pérolas, preciosas. Um convite. Uma tentação.
Não sei se vá não sei se fique.
O vento que ontem se fez sentir, invasivo, violento, poderoso, levantou a areia e provocaram ambos, um desconforto físico tão grande que a alma se sentiu beliscada. E hoje, não me parece ir pôr-me a jeito fazendo frente a essa violência. Desafiando-a.
Tem braços de ferro que não valem a pena. A derrota é certa. E fica um amargo de boca. Uma frustração. Uma dor de alma.
E como tem mais marés que marinheiros , o dia não me está a exigir grandes ensaios. De poemas. E mergulhos tentados em vão.
Ou simulados.
A pele não pede sol, o corpo muito menos e a mente está meio apanhada por este clima. Preguiçosa. Sem motivos ou estimulações.
Quanto ao espírito tem que relaxar e deixar-se a descansar dos sonhos de verão, dos mergulhos sem sucesso, das palavras que atravessam os mares, que chegam com o vento e não se fixam na minha praia. Das bolas de berlim que parecem remédio para a alma mas são veneno para o corpo. Como certas pessoas.
Como palavras leva-as o vento, olha o que eu hoje quero?! Sopas e descanso.
É que para além das palavras, as ideias, intenções, sinais e outras insinuações, levam-nas o vento e pode ser que cheguem ao destino, aquele onde o mar é mais azul, a água mais morna, o mergulho mais subtil e elaborado, a vida mais feliz e saudável e a inspiração mais autêntica. Genuinamente verdadeira.
Parece estou a falar do paraíso...não será. Mas se me acenassem com esse lugar sabia sim se ir se ficar. Ia. Sem olhar para trás. Ia até vendada e me atirava de cabeça...
Não há sinais de fumo, por isso hoje, acho, não estou para ninguém.
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