terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

reflectindo


As mulheres, quer dizer, o mundo, eu, melhor dizendo, para não falar por terceiras pessoas pois podem ofender-se e não desejo ofender ninguém, que fique claro, portanto, eu, diariamente, tento ficar maravilhosa. Sentir-me maravilhosa. Quase nunca o consigo, mas isso não é culpa minha. E sim da santa natureza que não me brindou em beleza e jovialidade como eu merecia, pelo menos para que abordasse o espelho com confiança: Espelho meu, espelho meu..." maravilhosa, maria clara, maravilhosa " diria o próprio.
Olho o espelho de qualquer forma. Diariamente. O que ele me devolve agrada-me. Apesar das olheiras que me esqueço de disfarçar se bem que me ofereçam os cremes próprios, apesar das manchas no rosto, diz que,  marcas do tempo, apesar das rugas, mais que muitas, mais sinais do tempo e só não falo do código de barras porque felizmente não tenho como muitas mulheres mais novas até, têm, ali por cima dos lábios e que marca muito as feições não lhes dando saúde alguma.
E porque olho o espelho todos os dias, hoje também me calhou. O que não calhou foi não me reconhecer.E pude então perceber que basta um momento, um minuto e tudo muda. E de bestiais passamos a umas grandes bestas horrorosas e ceguetas a fazer lembrar a cantiga que diz que, sou o perneta com perna de pau, olho de vidro e cara de mau.
E não adianta convencermos-nos que a beleza é intocável e eterna, porque nos deitamos belas e podemos acordar uns monstrinhos de meter medo e dó. O caso, mas no que concerne à última parte, a dos monstrinhos, brrrrrrrrrr.
E anda uma criatura a fazer coisas bem feitas como, batidos de fruta, comer legumes, peixe e carnes brancas, andar sete quilómetros diários, beber mais de dois litros de água, não beber café, nem álcool, não fumar, tudo as tais coisas bem feitas que nos ficam bem à cara  e vem uma constipação de trazer por casa e deita por terra todas as verdades, teorias, suposições, conceitos.
O chavão que é a frase que diz que não há bela sem senão, não sei se se aplica mas que estou com um belo senão, estou. 
E aquele que inventou que, quem feio ama bonito lhe parece, devia ser cego, porque ninguém de mim se aproximou hoje. 
Logo, quando se tem conjuntivite o melhor é não olhar para o espelho porque metemos medo a um susto. E também não devemos aparecer em público porque afinal as pessoas não são sinceras ou não nos prestam atenção nenhuma pois que não houve uma única que me perguntasse o que se passava de errado com a minha cara. Ou será que o meu rosto é um erro a que todos já se habituaram menos eu?
Nunca o saberei. Há perguntas que não se devem fazer sob pena de não gostarmos das respostas.

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