sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

quando for primavera...


Há nas árvores nuas, nos seus troncos cor de terra, uma súplica aos céus.
Há no sol que promete uma tarde amena, promessas de primavera. 
E na chuva que insiste em cair fustigando as sebes do jardim, arrastando as folhas secas caídas nas ruas, um acenar fugitivo à estação que se prepara para nos deixar. 
Há nesse fim de tempo um não sei quê de nostálgico que nem os melros e as andorinhas atenuam com os seus voos rasantes e graciosos.
Há um estado geral de melancolia poética no ar, que se abraça às almas sensíveis e toca os corpos fragilizados pelo inverno rigoroso. 
Há um desejo de mudança sem dramas ou precipitações.
Um dia destes sem darmos pela passagem estaremos no meio das amendoeiras em flor, colhendo cerejas e desnudando-nos no fim da tarde à beira-mar enquanto as gaivotas perseguirão o peixe que a traineira pescou no mar alto. 
Um dia destes, os dias serão maiores e as noites mais quentes. 
E eu estarei finalmente a caminho d' um tempo de mudança. Quando for primavera...




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