segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Parabéns à Rádio


Hoje é o Dia Mundial da Rádio.
E isso faz-me viajar no tempo da Rádio em Angola. Ali os profissionais da comunicação eram Grandes. Os melhores.
E o povo encostava o ouvido no seu rádio eléctrico e bebia as palavras e as músicas. Dançava, cantava e ria.
De vez em quando tinha de bater lá atrás porque ficava fanhoso e não podia perder pitada da radio-novela da época. O Inimigo. Ou a Simplesmente Maria. 
E o Raul Solnado na sua chegada à guerra, estava esta ainda fechada. Podióoooo chamá-lo?
As histórias do macaco que ia para Angola, dos três Porquinhos e do Lobo Mau. Do João Ratão no seu caldeirão. Havia também os parodiantes de Lisboa com o inspector Ventoinha e a publicidade às máquinas Oliva do José Pirão. 
Também a Maria Lucília Pita Grós Dias, que era o nosso orgulho do Vila Alice com o seu programa diário - Radio Magazine e mais tarde o Mais Alto e Mais Além. À tarde o programa do Eduardo Helder e à noite o Luanda sessenta e tal, até setenta e cinco, mudando cada vez que o ano mudava.  Também o Chá das Seis que era transmitido aos sábados do cinema Restauração e o Cazumbi aos domingos, do Miramar. E o programa para miúdos da Minah Jardim . E havia os relatos de futebol. De hoquei e de basquete. E as corridas. E o festival da Canção. Da Eurovisão depois. E as Misses. E tudo e tudo... 
Não havia televisão e a Rádio era devorada em doses industriais e todos a adorávamos.

Hoje é dia da Rádio. Diariamente oiço a Antena 3, das 9 às 17. Antes, oiço a Rádio Comercial. Depois oiço a RFM. Não saberia viver sem a  notícia. A curiosidade. A entrevista. A música. A Voz...
Parabéns à Rádio, que hoje faz anos.

3 comentários:

nuno medon disse...

o meu falecido avõ tinha um rádio igual a esse e ainda funcionava. Após a morte dele ou bem antes, a esperta da minha madrinha deitou o rádio ao contentor do lixo...e a saber que nós aqui em casa adoramos antiguidades. foi mazinha.. e um vizinho, que já faleceu, viu o rádio e ficou com ele. beijos e um abraço

Dalila Pirão disse...

Obrigado por este texto ao mencionar... o anuncio das maquinas OLIVA de José Pirão...um grande homem, o meu pai. Os anos passam mas cada dia que passa vejo que ele so foi fisicamente, pois mesmo em Luanda o seu nome não ficou esquecido;

Maria Clara disse...

Olá Dalila
Não tem de agradecer.
O seu pai foi um homem de muito valor sim. E não foi esquecido porque está no imaginário de todos nós pelo valor que tinha em Luanda. A minha mãe tinha uma máquina de costura Oliva comprada a ele. Eu vivia na avenida Brasil e logo a seguir era a Coronel Artur de Paiva onde no 1º prédio penso que estaria uma loja, mas estava concerteza o letreiro de publicidade às máquinas Oliva e se não estou em erro havia umas instalações nesse mesmo prédio onde se aprendia a coser à máquina, o que era muito comum à época pois as mulheres eram preparadas para as lides do lar.
Posso dizer-lhe que nos últimos anos tenho ido a Luanda e passadas que forma quase 4 décadas da independência ainda se diz: o prédio do Zé Pirão. E não só aos antigos mas à população em geral, como se fala nos Quintas, Na Mutamba ou noutra localização qualquer.
Beijinhos e tudo de bom.
Maria Clara