sábado, 4 de fevereiro de 2012

De ser, para ter

Há dias diferentes. Que alojam sentimentos profundos. Que os distinguem d'outros dias.Há dias que não saindo de casa vou viajar no mundo dos meus afectos e nem percebo se está frio, se está dia ou se já anoiteceu. Se comi ou não. Se me faz falta. Não estou só. À distância de um clique, está alguém. Vários " alguéns ". Estive em Dili de manhã e os olhos choraram e o coração se enterneceu. Há afectos assim.
Estive no Luxemburgo e me emocionei com alguém que não vejo desde que era criança. O facebook é Grande!
Estive em Madrid e a infância voltou nas recordações que se vivem em conjunto quando a infância é de luxo nas brincadeiras e nas partilhas. 
Também estive em Luanda e soube do calor infernal para contrastar com este frio desgraçado que toma as pessoas de reféns e lhes condiciona a alma. Estive na África do Sul. E na Alemanha troquei palavras e sorrisos. Na Suécia deram-me conta dos graus negativos a que está sujeita.
Estive em Faro mas andei na minha rua que foi e é a rua de muita gente e me senti feliz de a partilhar.
Estive em Guimarães. Ah sim. Em Guimarães. E falei. Falei e ri. E perguntei e me preocupei. Afinal Guimarães é a capital europeia da cultura e eu viajei até lá na voz e no coração para ver arte. Saber como vai a arte e como vai o artista.
E também estive na viagem de comboio Cais do Sodré / Oeiras. E " vi " uma encalorada como eu, pior que eu, vestir um cachecol de lã, presente de natal e umas luvas. O frio agreste a isso obriga. E preocupei-me. E perguntei. E sorri. E lhe ouvi a voz também. É importante ouvir a voz do coração.
E descobri por um acaso, que pode ser do destino, mais uma vez o facebook a comandar o tal destino, alguém, que era criança quando a conheci. E não vejo desde 1975.  E a morte da mãe me marcou profundamente. E nunca mais esqueço porque foi  pessoa que  vi sofrer como ninguém e  acompanhei a sua doença à distância de amiga da familia e vi finar-se mais de perto, tão de perto que ainda hoje lembro como se fosse hoje. E as tias foram pessoas muito importantes na minha vida. Ma marcaram. Até hoje. Para sempre.  
Hoje é um dia diferente. É sábado. E é 4 de Fevereiro. Só por isso já não podia ser igual.
Hoje juntei os sorrisos que recebi, as emoções que senti e as lágrimas que os meus olhos não se importaram de chorar e conclui que há dias especiais. Especiais e diferentes. 
Ainda bem. Haja mais dias que nem estes, que eu quero vivê-los deste jeito. De ser, para ter...

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