sábado, 13 de agosto de 2011

que as há, há, oh se há

Passaram 24 horas e ainda estou aflita do pé esquerdo. Dores é o meu nome, mas dispenso-as bem. Sei que sou resistente. Suporto a dor física. E a outra também. Não sou uma má doente. Não contrario os profissionais de saúde. Faço o que mandam, pelo menos na fase aguda da doença. Pari duas criauras, uma de 4,200 quilos e outra de 4,900 e se pensam que é assim num vou ali e já venho, estão bem enganados. Custa p'ra chuchu. Jesus, até dá vontade de subir as paredes. Por isso percebo quem tem dores e se queixa. E tem dificuldade em as suportar. Quanto a mim, mais fácil será queixar-me do tempo, do que de dores. Há 4 anos tive uma crise agudíssima na coluna, foi quando descobri que tinha uma hérnia discal na cervical. Passei o diabo. E também por essa altura, na minha vida, tinha o diabo à solta. Não me queixei a ninguém.
Mas vamos ao que importa. Ontem quando chegava a casa fui atacada por uma coisa. Chamo-lhe assim por não saber o que foi. Algo escuro, voador mas rastejante e que se instalou na sandália dando-me uma ferroadela que vi estrelas, planetas e cometas, e formei as constelações que ainda não existiam. Foi uma dor tão forte que julgava que não suportava. Até casa fui a morder-me toda para não chorar mas os olhos carregaram-se de lágrimas que se soltaram assim que fechei a porta. Depressa me disseram que deveria ir ao hospital. Não fui. Não queria esperar horas na urgência. A vê-los passar. Na triagem, quer-me parecer que sem inchaço, sem enquistamento da zona afectada, sem desmaio, só porque diria que doía p'ra caraças não me passariam para aquela cor que nos dão e que passa à frente de qualquer um. Depois, se não me levarem de ambulância tenho sempre que recorrer aos familiares ou aos amigos para me levarem e trazerem. Deixa de haver taxis a partir das 22 horas.
Eu bem digo que não posso ficar doente e quando o faço acham que são frescuras minhas. Mas não são.
Então, e antes de ir para um jantar que já estava marcado e que ficou em dúvida devido ao acidente da coisa voadora que me atacou à má fila resolvi tentar a minha sorte na farmácia de serviço. Dei-me mal. Dei-me mal porque não entrei de padeola, nem aos berros, histérica, nem sou amiga do peito dos donos da farmácia. Já não há farmacêuticos como no meu tempo. Que horror, o que acabei de dizer! Mas na verdade, hoje, os farmacêuticos, não serão todos, esta, foi de uma indelicadeza e frieza quase repugnantes. Afinal os farmacêuticos estão lá para aviar receitas? Apenas? Ou para esclarecer e ajudar os utentes? Mandou-me ir ao médico. Como lhe dissesse que não iria arranjar um assim do pé p'rá mão, logo se apressou a mandar-me para a urgência. E saí de lá com vontade de morder a dor e morder esta criaturinha, que a mandar é mestra.
Quando descia a avenida pûs-me a jogar ao pim-pam-pum. Vou à Golegã, ao Barrigas, jantar com três criaturinhas muito bonitas, simpáticas e agradáveis ou vou ao hospital, mofar até que se lembrem de mim?
Venceu o jantar na terra dos cavaleiros e cavalos. Com tão boas companhias. E a promessa de que no fim do jantar, se acaso não melhorasse iria sentar-me no banco do hospital do burgo cheia de pena de mim própria. Tomei umas coisas e melhorei um pouquinho.
Parece que há uns insectos para aí que no norte chamam de cabras loucas, ou vacas loucas ou o raio que as partisse e que atacam pés indefesos, provocando dano.
Dormi, acordei num novo dia, e estou quase para dormir de novo e a dor cá está. A minha vidinha, fi-la quase na mesma, mas a disposição não é igual.
Eu bem digo que isto não me anda a correr nada bem. Alguma bruxa me viu...ou pensou em mim. Eu não quero acreditar que as há, mas há, oh se há...

2 comentários:

david disse...

ohhh...jantaste bem ao menos?

Maria Clara disse...

Sim. Foi no Barrigas. As entradas maravilhosas que eles têm para a gente se servir e depois caril de gambas.
Beijos, muitos, todos.