sábado, 14 de março de 2015

business no Olival

- Sénhóra, poucos euros. Exibindo uma peça em madeira. Por sinal lindíssima. Toda trabalhada à mão.
- Não quero. 
Insistiu, entrando na churrasqueira aqui ao lado de casa onde eu por três euros compro uma refeição, hoje, lombo com batatas, no forno. Abriu a peça. Perguntei,
- Quanto? 
- Quarenta euros. Mas faz trinta e cinco. 
- Não quero. 
- Trinta então. 
Não quero. Tenho peças dessas. Não preciso de mais.
- Portuguesa tem?
- Angolana tem.
- Angolana branca? Ri-me. Nunca ponho as coisas nesses termos. Até me sei africana se bem que os africanos negros acham que só eles é que o são. 
- Angolana branca, eu senegalês negro, vendo por vinte e cinco.
- Não quero. Nem tenho dinheiro aqui. O troco dos dez euros do meu almoço estava ainda em cima do balcão. 
Baixou-se e tirou uns anéis. Agarrou num e disse,
- Seis euros para a angolana bonita. Eu senegalês bonito, vendo.
- Baixa mais.
- Quatro.
- Dois. 
- Dois e meio.
- Dois.
E vendeu-mo por dois.

m.c.s.

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