terça-feira, 1 de abril de 2014

chove

Chove. Intensamente. E faz frio.
Ainda as gotas da chuva não me molharam e a humidade gelada do dia já se me entranha nas entranhas.
De robe, toalha enrolada à cabeça e tanto por viver, neste domingo invernoso, a roubar a minha cena de pessoa feliz que o que quer é abraçar momentos, a roubar esperanças primaveris de dias longos e soalheiros, coloridamente bonitos e ternos, aqui estou, dividida.
Sou uma má pessoa, penso. Reconsidero. Sou uma estranha pessoa. Viciada em mim e na minha vida.
E para afugentar o egoísmo construído nos dias solitários, o conforto desplicente em que me conforto, alicerçado à custa de esforço preso por arames, nos dias interminaveis, espreito o dia cinzento, onde o poeta jorra nuvens embaraçosas que comprometem o quadro e a primavera. E comprometem o meu desejo de ser boa pessoa. Ou reconsiderando, ser menos estranha e viciada pessoa.
E me dar ao dia. E ir. Ao encontro dos afectos.
Misturar-me com o temporal e receber a alegria divina de me fazer presente entre os presentes.
Chove. Tão intensamente que por segundos duvidei de mim e do meu coração sempre pronto, sempre batendo em nome do amor.
Vejo uma aberta. E não hesito.
Afinal, vou. Porque não chove em mim.

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