O sol rompe a barreira. A música toca.
A sirene anuncia a chegada do peixe que a traineira traz.
A bandeira verde, da liberdade de entrar no mar e misturar o meu cantarolar sussurrado ao marulhar, esvoaça ao sabor da música que as ondas orquestram e bailam num pé de dança latina.
O chá de cidreira arrefece.
Há uma paz santa neste lugar.
Uma promessa cumprida.
Há uma paz santa e cumprida dentro de mim.
Reconhecem-me os odores desta praia partilhada.
Reconhecem-me as areias claras em constante movimento e a espuma branca da onda que vem beijar a areia fina em constante renovação e me vem segredar coisas do além mar.
Aqui nada começa nem termina. Para sempre.
Há uma lei implícita que me faz recomeçar. E sonhar. E chegar ao ponto de partida.
Este lugar pertence-me. Porque me pertence quem me protege e abençoa. E me oferece vida.
Eu pertenço a este lugar porque me dou numa doação sem rede, filtro ou desconfiança. Sem caução.
Numa entrega recíproca e igual. Sem condição.
Aqui há uma fonte d' água cristalina e pura, que me acalma e me descansa.
Uma âncora que me prende e solta conforme a precisão.
Aqui me declaro perdidamente encontrada e apaixonada num amor avassalador e eterno.
Primário.
Aqui me declaro possuída por esta força que a natureza me oferece.
E grata, porque este é o lugar de dádiva, onde o olhar vale uma maré cheia, marés vivas de palavras e actos que não preciso temer. Nem inventar. Basta receber. Ser e sentir.
Aqui sou somente eu...
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