domingo, 1 de fevereiro de 2015

hoje, o meu nome é saudade




Hoje, o meu nome é saudade. 
O passado resgatado no olhar, na pele, nas entranhas. No coração. 
Esse tempo bom. Esse sentir. Tudo o que falei, olhei, toquei, cheirei. Recebi. Vivi.
Saudades dos pais. Do avô. 
Da minha terra. Da minha infância. Da minha rua. Do colégio, do liceu.
Saudade dos meus amigos. Aqueles que ficaram para trás. Que partiram já.
Saudades de gajajas, maboques, sape-sape, pitangas. 
Da Lucrécia, da Minda. 
Cheiro de pão quente da padaria Independente. 
Terra molhada. Flor de acácia.
Quitandeira, zungueira. Sotaque. Pregão. Meu chão.
Saudade do cacimbo e do pôr do sol. Do sábado. Da Ilha. Samba. Corimba. Mutamba. 
Saudade de Trás-os-Montes. Dos tios.
Das cerejas do quintal. Do folar de carne e dos económicos. 
Favaios e lareira. Castanhas. Alheiras.
Dos acordes das guitarras enquanto se faz o pão. Do Paulo e do João....
" Pata de negreiro/Tira e foge à morte/Que a sorte é de quem/A terra amou/E no peito guardou/Cheiro da mata eterna/Laranja Luanda/Sempre em flor "...
Hoje o meu nome é saudade.
Do príncipe, na cidade Luz. 
Da caçula, no Ribatejo.
Da kamba diami em solo africano. Da Julieta, na neve. 
Do verão. Do sul. Bola de berlim. Dias de sol. Onda batendo na rocha.
Hoje o meu nome é saudade. De mim, em ti. De ti. Em mim.

m.c.s.
( 30 de Janeiro - Dia da Saudade )

Sem comentários: