Soltam-se os demónios em chamas
Por entre as lembranças mortas,
Abeiram-se de algumas portas
E deitam-se naquelas camas
Que os recebem clamando...
Soltam-se os fantasmas, cantando
Insistentes e radiantes
Desumanos...
Ouvem-se aplausos das gentes
Nos pesadelos da louca
Abutres rindo sem boca,
Seres medonhos, repelentes
E corações dilacerados
Há muito no inferno penando
Desterrados...
Soltam-se acordes, batuques
Sons, gestos e dor
Espíritos sem pés, dançando
Sem ritmo nem claves de sol
Decepados
Expurgando-se
E tentam um passo, um caminho
Pró medo de serem diferentes
Não aceites, maltratados
Desafiados...
Soltam-se as lendas
E os sentimentos esquecidos
Ignorados
Enraízados....
Soltam-se amarras, correntes
Alguns cadeados
Acendem-se luzes, uma vela
Traça-se uma saída na tela
E o mundo é dos apaixonados
Soltam-se demónios em chamas
E deitam-se amores nessas camas...
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