Nem sempre mulher nem sempre criança.
Andei pelos intervalos a aprender a ser gente. Ainda hoje vou tomando ensino aqui e acolá, por onde calha a sabedoria dos mais velhos e mais espertos, dos mais simples e amigos. Dos mestres.
Cortei o cabelo. Deixei-o longo. Vesti casacos, despi -me calor. Calcei sapatos, chinelos e botas. Andei descalça no chão vermelho do barro da terra-mãe.
Usei a bata, usei o sistema. Cantei baladas, cânticos de igreja, ouvindo discos, cassetes e outros que tal.
Estudei os mapas, soube-os de cor. Aprendi a nadar, a brincar e a escorregar. A evitar perigos maiores.
Comi gelados, quitaba, maboques. Também o pão, que o diabo amassou.
Vi nascer gente. Embalei-a nos braços. Pari outros tantos. E amei-os placenta. Abri-lhes as portas que outras se abriram depois.
Vi partir gente. E sofri. Parti também eu para outro lugar. Sem regressar.
Chorei lágrimas de sangue, derrotas, fracassos. Traída que fui, morri-me por dentro. Ressuscitei e não mais me matei.
Renasci da dor. Criei argumentos, defesas, deixei os lamentos. Arrependimentos...
Trabalhei mulher, mãe, anos a fio. Profissional. Pus ponto final e conheci um espaço de mim que não esperava. Mas me aguardava.
Orei e agradeci. Clamei por vitórias e consegui.
Teci a linha que na minha mão tem nome de destino. Sina. E sem desmerecer, sem sequer saber sigo-a com fé.
Acordo manhãs, nevoeiro e chuva, frio e gelo. Derreto-o e acendo a lareira, apanho o sol, que me há-de aquecer.
Deito cansaços. Fracassos. Vazios. Algumas decepções. E solidões...
Sonho na esperança do dia merecer. Ao fim deste tempo quero muito viver.
Já tive um ano, dez, vinte, trinta e cinco, cinquenta. Tive até cinquenta e oito. Há pouco.
Hoje quero a memória de tudo o que fui, conservar. Sou parte de mim e de outras que fui. Sou cinquenta e nove anos de vida e aprendizagem. Subindo degraus. Tropeçando. Algumas vezes parando ou até recuando.
Sei que não aprendi tudo o que a mulher que sou precisa aprender.
Por isso me desejo um caminho futuro para percorrer.
Parabéns a mim. Feliz aniversário também. Obrigada, pai e mãe. Filho e filha. Família e amigos. Dona Pitanga. Professores. Colegas. Vizinhos. Pessoas do bem. Universo e tudo o que me fez crescer e ver mais além.
m.c.s.
Andei pelos intervalos a aprender a ser gente. Ainda hoje vou tomando ensino aqui e acolá, por onde calha a sabedoria dos mais velhos e mais espertos, dos mais simples e amigos. Dos mestres.
Cortei o cabelo. Deixei-o longo. Vesti casacos, despi -me calor. Calcei sapatos, chinelos e botas. Andei descalça no chão vermelho do barro da terra-mãe.
Usei a bata, usei o sistema. Cantei baladas, cânticos de igreja, ouvindo discos, cassetes e outros que tal.
Estudei os mapas, soube-os de cor. Aprendi a nadar, a brincar e a escorregar. A evitar perigos maiores.
Comi gelados, quitaba, maboques. Também o pão, que o diabo amassou.
Vi nascer gente. Embalei-a nos braços. Pari outros tantos. E amei-os placenta. Abri-lhes as portas que outras se abriram depois.
Vi partir gente. E sofri. Parti também eu para outro lugar. Sem regressar.
Chorei lágrimas de sangue, derrotas, fracassos. Traída que fui, morri-me por dentro. Ressuscitei e não mais me matei.
Renasci da dor. Criei argumentos, defesas, deixei os lamentos. Arrependimentos...
Trabalhei mulher, mãe, anos a fio. Profissional. Pus ponto final e conheci um espaço de mim que não esperava. Mas me aguardava.
Orei e agradeci. Clamei por vitórias e consegui.
Teci a linha que na minha mão tem nome de destino. Sina. E sem desmerecer, sem sequer saber sigo-a com fé.
Acordo manhãs, nevoeiro e chuva, frio e gelo. Derreto-o e acendo a lareira, apanho o sol, que me há-de aquecer.
Deito cansaços. Fracassos. Vazios. Algumas decepções. E solidões...
Sonho na esperança do dia merecer. Ao fim deste tempo quero muito viver.
Já tive um ano, dez, vinte, trinta e cinco, cinquenta. Tive até cinquenta e oito. Há pouco.
Hoje quero a memória de tudo o que fui, conservar. Sou parte de mim e de outras que fui. Sou cinquenta e nove anos de vida e aprendizagem. Subindo degraus. Tropeçando. Algumas vezes parando ou até recuando.
Sei que não aprendi tudo o que a mulher que sou precisa aprender.
Por isso me desejo um caminho futuro para percorrer.
Parabéns a mim. Feliz aniversário também. Obrigada, pai e mãe. Filho e filha. Família e amigos. Dona Pitanga. Professores. Colegas. Vizinhos. Pessoas do bem. Universo e tudo o que me fez crescer e ver mais além.
m.c.s.
2 comentários:
Toda uma vida, Maria Clara! Por isso parabéns por ter vencido e aqui estar. E felicidades para a outra (vida) que tem pela frente. Por muitos anos junto de quem mais gostar.
muito obrigada. :)
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