Há nos anseios mais profundos duma mulher, o desejo de florir. A necessidade de amar incondicionalmente.
Há no dia em que a primeira falta acontece a alegria desmedida de gerar um ser. O poder do milagre. E toca a barriga que ainda não cresceu. E desenha uma figurinha, botãozinho de rosa. Ela que já é uma flor. Pronta. E inicia o processo do amor. Esse que não há igual. Nem maior. Nem comparável.
E o corpo arredonda-se. E os enjoos acontecem. O sono multiplica-se. A vontade de o ver. E de o ter. De o sentir. De o mimar. De o proteger.
E ele nasce. E tudo acontece como deve acontecer. Não há uma predisposição trabalhada para amar. Há sim uma involuntária capacidade para perceber que o centro do mundo deixou de ser ela, mulher, para ser esse rebento que " lhe pertence ". Sangue do seu sangue. Amor da sua vida, para sempre. E inicia assim o processo de ser mãe.
Trata do filho sem que alguém a ensine. O instinto é superior. E amamenta. E vela o seu sono. E levanta-se de noite vezes sem conta a ver se respira. Aconchega-lhe as roupinhas. Contempla-o. Comove-se. Ama-o nessa linguagem muda do olhar, do cheirar, do tocar.
Um filho perde-se e recupera-se a cada centímetro de crescimento. Num dia é um bebé, noutro é um rapazinho, uma menina de caracóis, Num dia diz mamã, noutro já pede papa. Num dia deita a cabeça no ombro dela, noutro já o leva pela mão, para a escola. Num dia é um menino, noutro já é um rapazote. Uma miúda.
E quando se dá por isso, o ser, que esteve ligado à mulher pelo cordão umbilical, corta-o. E vai à sua vida. Voando com asas de voar e voltar.
E o amor de mãe chora por dentro e sorri por fora e diz: vai. Com a certeza de que volta no intervalo. Sempre...
É desses intervalos que uma mãe vive. É isso que lhe dá alento. Coragem. Futuro. Motivo.
Uma mãe não mais tem um sono descansado desde que o seu filho nasce. Mas nunca mais deixa de sonhar. Venturas, para a sua cria.
Uma mãe é corajosa mesmo que morra de medo. E incentiva.
Uma mãe é o abrigo do seu filho e acolhe-o de braços abertos e coração maior. Quando e sempre que ele volta.
Uma mãe está preparada para tudo. Porque tudo aprende. Tudo ensina. Tudo deseja para o amor da sua vida. E quando à noite se deita a sua prece vai para Deus, rogando que proteja com o Seu infinito poder, o amor maior da sua vida. E lhe dê vida.
Uma mãe dá a sua vida pelo filho. Morre por ele. E não está preparada para o ver partir para sempre. Porque a natureza não devia falhar.
Uma mãe deve partir primeiro. Por tudo e também porque fica destroçada para sempre. Vencida. Perdida. Impedida de sonhar. De projectar. De sentir, ver, abraçar, esperar. Os intervalos.
Qual a maior angústia, o maior pesadelo de uma mãe? Não partir antes do seu filho.
Uma mãe só é mãe se houver um ser que a faça sentir assim.
Se um filho morre, a mãe morre com ele.
m.c.s.
P.S. Ontem, domingo, viajava no comboio para Lisboa, depois d' um fim de semana fantástico a norte, quando a notícia de que Judite de Sousa perdera o seu único filho, André, me deixou sem ar. Sem chão. Com a alma dorida. À ideia do sofrimento desta mulher da televisão, que todos conhecemos.
Nenhuma mãe merece ver o seu filho partir para a eternidade. Não há lugar em nós, mães para apaziguar essa dor. Digo eu, apenas por instinto.
Paz à sua alma, filho de sua mãe. E que Deus proteja esta mãe.
Há no dia em que a primeira falta acontece a alegria desmedida de gerar um ser. O poder do milagre. E toca a barriga que ainda não cresceu. E desenha uma figurinha, botãozinho de rosa. Ela que já é uma flor. Pronta. E inicia o processo do amor. Esse que não há igual. Nem maior. Nem comparável.
E o corpo arredonda-se. E os enjoos acontecem. O sono multiplica-se. A vontade de o ver. E de o ter. De o sentir. De o mimar. De o proteger.
E ele nasce. E tudo acontece como deve acontecer. Não há uma predisposição trabalhada para amar. Há sim uma involuntária capacidade para perceber que o centro do mundo deixou de ser ela, mulher, para ser esse rebento que " lhe pertence ". Sangue do seu sangue. Amor da sua vida, para sempre. E inicia assim o processo de ser mãe.
Trata do filho sem que alguém a ensine. O instinto é superior. E amamenta. E vela o seu sono. E levanta-se de noite vezes sem conta a ver se respira. Aconchega-lhe as roupinhas. Contempla-o. Comove-se. Ama-o nessa linguagem muda do olhar, do cheirar, do tocar.
Um filho perde-se e recupera-se a cada centímetro de crescimento. Num dia é um bebé, noutro é um rapazinho, uma menina de caracóis, Num dia diz mamã, noutro já pede papa. Num dia deita a cabeça no ombro dela, noutro já o leva pela mão, para a escola. Num dia é um menino, noutro já é um rapazote. Uma miúda.
E quando se dá por isso, o ser, que esteve ligado à mulher pelo cordão umbilical, corta-o. E vai à sua vida. Voando com asas de voar e voltar.
E o amor de mãe chora por dentro e sorri por fora e diz: vai. Com a certeza de que volta no intervalo. Sempre...
É desses intervalos que uma mãe vive. É isso que lhe dá alento. Coragem. Futuro. Motivo.
Uma mãe não mais tem um sono descansado desde que o seu filho nasce. Mas nunca mais deixa de sonhar. Venturas, para a sua cria.
Uma mãe é corajosa mesmo que morra de medo. E incentiva.
Uma mãe é o abrigo do seu filho e acolhe-o de braços abertos e coração maior. Quando e sempre que ele volta.
Uma mãe está preparada para tudo. Porque tudo aprende. Tudo ensina. Tudo deseja para o amor da sua vida. E quando à noite se deita a sua prece vai para Deus, rogando que proteja com o Seu infinito poder, o amor maior da sua vida. E lhe dê vida.
Uma mãe dá a sua vida pelo filho. Morre por ele. E não está preparada para o ver partir para sempre. Porque a natureza não devia falhar.
Uma mãe deve partir primeiro. Por tudo e também porque fica destroçada para sempre. Vencida. Perdida. Impedida de sonhar. De projectar. De sentir, ver, abraçar, esperar. Os intervalos.
Qual a maior angústia, o maior pesadelo de uma mãe? Não partir antes do seu filho.
Uma mãe só é mãe se houver um ser que a faça sentir assim.
Se um filho morre, a mãe morre com ele.
m.c.s.
P.S. Ontem, domingo, viajava no comboio para Lisboa, depois d' um fim de semana fantástico a norte, quando a notícia de que Judite de Sousa perdera o seu único filho, André, me deixou sem ar. Sem chão. Com a alma dorida. À ideia do sofrimento desta mulher da televisão, que todos conhecemos.
Nenhuma mãe merece ver o seu filho partir para a eternidade. Não há lugar em nós, mães para apaziguar essa dor. Digo eu, apenas por instinto.
Paz à sua alma, filho de sua mãe. E que Deus proteja esta mãe.
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