Que importa a mim a cor da pele, branca, pálida, morena do sol e do mar conforme a estação, se Deus me desenhou na alma, o mapa desse continente mágico, feiticeiro, imenso e lhe depositou fontes de água cristalina e pura onde me banho amor gigante que me jorra do coração africano, raiz da minha raiz, que não vem do planalto nem da savana, tão pouco do deserto ou dos rios que correm para o mar. Mas vem-me da alma. Gémea, de África, que tenho. Alimento e me mantenho.
Da história. Dos escravos e dos contratados. Das plantações de café, cana e algodão. Do kisangi e do djembê. Do semba e da kizomba, do kimbundo e da gajaja.
Da terra vermelha barrenta e da acácia rubra, das manhãs brancas e do sol vermelho de fim de tarde. Da quitandeira e do jornaleiro. Do pé descalço correndo livre na brincadeira. Dos cheiros. Das cores e do sotaque.
Vem-me das kiandas, das noites quentes e húmidas, das estórias de assombração, almas penadas e feitiçarias, hienas e leões.
Que importa a mim a cor da pele se nasci livre e sem fronteiras emocionais, do ventre duma mãe que me pariu nesse mapa sem limites, nessa terra abençoada?
Que importa a mim a cor da pele se cresci entre a mistura, misturando-me nela? Tomando-lhe a tonalidade colorida de sentimentos maiores? Paixão, respeito, admiração, compaixão e união. Pelo lugar onde nasci.
Ser africana não é uma questão de pele. É antes, uma questão de Amor.
Sou africana sem remorso, sem vergonha, sem complexo, ou arrogância.
Sou africana porque nasci em África, alma gémea desse chão, desse grito, dessa fé, dessa indignação, desse abraço, dessa esperança.
Sou africana porque sim. De alma e convicção. De coração.
P.S. Parabéns, hoje, Dia da Mulher Africana, a todas as mulheres que têm na alma o mapa do amor e de África.
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