domingo, 18 de novembro de 2012

outono em mim




Gélida a tarde deste desencanto
Que trago no olhar cansado
Baço 
Cinzento
Desmaiado
Fere-me esta chuva forte
Chorando a minha vontade de ficar-me para aqui
Indiferente
Sopra p' ra longe 
As folhas do outono triste 
Uiva o vento que arrasta sinais de amargura
E se junta ao temporal 
Numa estranha loucura
Leva os restos d' um verão 
Que ficou por viver
Desejos perdidos no seu fenecer
Jogados ao chão 
Não sei se quero este sentir
Não sei se ainda sei sorrir
Apago a careta rasgada
Pela soma das estéreis madrugadas
E pouco mais sinto que nada
Pouco mais sei sentir
São ténues os sinais do sol
e da sua alegria
Leve é o toque da sua acalmia
Gélida a tarde
O tempo e o futuro incerto
Que se agiganta 
Crescendo em mim
Se faz longe 
E fatalmente tão perto
Conformado este meu pranto
Gélida é a tarde do meu deserto
Do meu desencanto...

m.c.s.

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