sexta-feira, 16 de novembro de 2012

parabéns mano Zé!


És meu irmão. E fazes anos hoje.
Passou tanto tempo desde que nasceste, mano Zé!
Tanta coisa, tanta estória e tão envolvidos na história das nossas vidas, da nossa família e da nossa terra!
Tanta gente nasceu depois que nos alegrou e tantos partiram que nos desgostaram e entristeceram. 
Tantas caminhadas que fizemos lado a lado. Tantos aniversários comemorados, Natais, alegrias. Tantos lutos...
Musicas ouvidas, sons da nossa saudade. Estórias percorridas em pormenores da nossa fraternidade. Viagens no sofá da sala para além mar; sorrisos, lágrimas, memórias... 
Ser irmão é isto. Partilhar o ventre materno e depois as nossas vidas, desde que existimos. 
Eu já existia quando nesceste e lembro como se fosse hoje o teu nascimento atribulado junto à noite. A mãe, o pai e a parteira, dona Apolónia, uma mulher da Vila Alice, voz de comando e decidida. Que tratava o pai e a mãe por tu e os punha em sentido.Estás a ver o pai em sentido às ordens duma mulher? Pois então!
Eu, no patim da casa ao colo do avô Carvalho. Chorando assustada com as movimentações no interior, repetia continuadamente : eu quero a mãe, eu quero a mãe. E o avô que devia estar numa pilha de nervos acalmava-me como só ele o sabia fazer. 
A noite descera à " cubata " como todos chamavam àquele casarão junto das mulembas do quintal livre e sem muros, onde o pai se iniciou como comerciante e onde a mãe e eu ficamos a viver, quando casaram. 
Dentro de casa alguma coisa corria mal, que o pai chorava. A porta do quarto não se abria e o avô estava enervado. A dona Apolónia gritava no corredor, esbracejando.
O teu nascimento foi comentado na rua, nos vizinhos, no largo. Nasceste com cinco quilos e tal e a parteira partiu o teu braço em três partes. 
Mesmo que não me lembrasse desta história que envolveu a tua chegada acidentada, foi drama contado ao longo dos anos, em que pai e mãe, avô, tio Augusto e pessoas mais chegadas lembravam como se fosse o próprio momento, numa intensidade que só quem ama consegue ter.
Hoje completas mais um ano de vida. Graças a Deus. 
Sei-te feliz e isso tranquiliza-me muito.
E sei que te olho com olhos de irmã mais velha que tem de ti um amor que podia dizer quase paternal.
É. Tens sido mais que irmão, o pai, que eu, que nós perdemos. Estás sempre lá, no lugar que eu preciso tantas vezes. Estás sempre lá, no lugar que a caçula precisa tantas vezes. Que o Paulo, a Ângela, o David, precisam. Estás sempre lá, meu irmão, no lugar que qualquer irmão, cunhado, sobrinho precisa. No lugar do amor, do altruísmo e da lealdade.
O meu muito obrigada por seres quem és e meu irmão.
Muito parabéns, sucessos e vida saudável. 
Tem um dia muito feliz.

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