quarta-feira, 7 de novembro de 2012

E foi assim...


Então lá vai, o romance da Pitanga e do Jeremias chegou ao fim.
Bem sei que na maior parte das vezes, o fim é triste. Eu, ser humano, pensante e sensato, 
já senti na pele vários desenlaces, não fosse criatura com muitos anos de vida e de vivências que nem vale a pena delas falar, porque daria outra estória que não interessa nada para o caso. Ou interessa? A ver vamos.
Vamos então ao que importa, dado que tive seguidores atentos, na maioria amigas, que torceram por este romance e que prevendo futuro ambicioso, me viam avó feliz e orgulhosa de crias lindas de Pitanga e Jeremias.
Não. Isso não podia acontecer, simplesmente porque a Pitanga não iria viver nenhuma estória de amor para sempre e até que a morte os separasse em companhia das suas crias e como tal há que cortar o mal pela raiz que é como quem diz, pôr termo a esse flirt à janela e separado pela mesma, como nos tempos da maria cachucha. Não e por nada mas eu sou do tempo da maria cachucha.
Ora bem, porque uma estória tem de ter princípio, meio e fim, do princípio já vocês tinham conhecimento. Do meio, iam tendo através das fotos. O fim, inevitavelmente esperado, aconteceu ontem, quando me mudei para a minha casa do Olival, de armas e bagagens, para junto da minha própria cria que acabou de chegar a Portugal.
Imbambas arrumadas, Pitanga na gateira, o que levou um certo tempo e muita paciência das minhas crias para a enganarem; é que ela odeia viajar e odeia sobretudo ficar presa num espaço mínimo, desconfiando sempre que tal acontece e pondo-me a cabeça em água e a miar tanto quanto ela, aí vamos nós, sem que evitasse olhar a janela do namoro, sentindo-me a pior das criaturas, por isso e por não ver o Jeremias despedindo-se da sua amada, sentindo-me também, um estupor por estar a abandonar o espaço onde aquele romance felino se iniciou sem que tivesse remorsos.
Descidas as escadas, Pitanga na mão da minha cria mais nova, chegámos à rua. 
Nesse momento ouvi um barulho atrás de mim, vindo duma porta mais adiante. E eis senão quando, vejo o Jeremias empoleirado à porta, olhando-nos sem expressão. 
Conclusão: O Jeremias, como qualquer apaixonado que se preze, qual Romeu da estória, veio despedir-se da Pitanga, a sua Julieta, que abandonava o local do namoro tristíssima e revoltada, digo eu. Com a gateira, com as minhas crias e comigo e quiçá com a certeza de que o seu caso de amor chegara ao fim sem que tivesse sequer começado.
Eis um final que não foi feliz. Eis-me lá e aqui sentindo-me a amante da estória. Não fosse por minha causa e este caso de amor teria pernas para andar, assanhar-se em gatices fogosas criando raízes e muitos gatinhos gatinhando nas suas vidas.
Como me sinto? A própria da amante, uma qualquer gata assanhada, que interrompe um caso de amor que poderia ser eterno e feliz.
Ou não? Quem o saberá? 
Dizem que é o que tem de ser. Fico-me assim conformada. 
A ver vamos se a Pitanga e o Jeremias ficarão também. 

1 comentário:

persiana fechada disse...

Olá. A relação entre os animais é linda, não é? as nossas também deveriam de ser assim. O jeremias é um cavalheiro...vai à casa da namorada, tentar cortejá-la, mesmo que a janela esteja fechada. kisses