sexta-feira, 28 de outubro de 2011

gatices e vizinhança

- Olá vizinha.
- Olá, estás boa?
- Estou. E afasta-se.
Quero abrir a porta cá de baixo , mas não encontro as chaves.
- Não tens chaves para entrar?
- Não mas posso ir buscar à minha mãe, ao café.
Tinha visto a mãe, na mercearia da Rita, onde fôra buscar uma caixa de broas dos Santos para levar à minha prima.
- Deixa que eu procuro.
Ela que já se afastara a caminho do café da mãe, do outro lado da rua, volta atrás e com um ar muito assumido, baixa o tom de voz que usara até ali e pergunta:
- A sua gata anda saída?
Não, respondi intrigada. Porquê? Pobre Pitanga. Saída? Há dois meses que não tem cio, graças a Deus, porque é doloroso assistir ao desespero da pobre bichinha.
E ela dispara:
O meu gato anda aluado.
- Anda? Digo eu ganhando tempo e fôlego para continuar a conversa com uma garota com os seus 10 anos que por acaso é minha vizinha.
Anda, anda muito aluado. Pensei que a sua gata andasse saída. O Black não se pode aturar.
Afastou-se a caminho do café num desencontro com a mãe que está na mercearia da Rita. E eu subi as escadas. Meeeeedo! Muito meeeeedo! Qual será a ligação entre a minha Pitanga " saída " e o aluado Black?
Não quero fazer futurologia, mas esta miúda conseguiu que eu imaginasse uma ligação entre o Black e a Pitanga e francamente não gostei desse tu cá tu lá do Black com a minha Pitanguinha, apadrinhado pela dona.
Apeteceu-me dizer à miúda que fosse devagar com o andor mas ela ficaria a olhar para mim com um ar divertido com que anda sempre e desisti.
Será que tenho que reforçar a vigilância? Ah pois, vale mais prevenir do que remediar. Não vá o gato preto da vizinha do lado trepar paredes, janelas, varandins e fazer uma visita
à Pitanguimha da minha alma.

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