segunda-feira, 17 de outubro de 2011

divagações X



Te pergunto: que faço ainda aqui, insistindo, insistindo, afinal, chovendo no molhado?
De repente me roubaram os dias e as noites de amor e de sonho que tinha para viver. Tão de repente que ainda estava a rebobinar o último sonho vivido e já estavam a me empurrar para o abismo, que nem gritei. Nem tive tempo de preparar o espírito. Ele bem que me avisava para me pôr a pau.
Me lembro do sô Santos. Ele é que dizia, sempre querendo o melhor para o outro, sempre querendo aconselhar, sempre querendo evitar que o outro se espalhasse ao comprido nos buracos das vielas difíceis de saltar; se não te pôes a pau, estás quilhado. Quilhado era quando estava relaxado, porque nervoso, dizia mesmo o palavrão que os putos que viajam comigo no autocarro, dizem, num fónix, com todas as letrinhas que aprendeu lá na escola da aldeia que virou turismo de habitação, ou rural ou lá que é isso, que agora ninguém que vai querer mais pernoitar naquele fim de mundo, aonde os lobos ainda uivam na serra e as raposas vêm aos galinheiros e palheiros em dezembro de anos abaixo de zero, pilharem o que encontram, que a aldeia se não se pôe a pau fica sem o seu sustento.
Te pergunto: Que faço ainda aqui que me queixo, me rebolo, me reinvento e te faço perguntas como se me pudesses ajudar e não ponho mãos à obra na busca da solução? Fiquei fraca. A mão treme, nem para te escrever dá mais; vacilo, suspeito, te estranho, me estranho.
Mãos à obra! Que obra? A obra parou. Ficou embargada que nem prédio quando os herdeiros falta pouco para jogarem à porrada numa herança pequena e mesquinha que para repartir o xico esperto da família quer usar em bom português, sem conseguir, o ditado de que, quem parte e reparte e não fica com a maior parte ou é burro ou não tem arte...
E por falar em arte até me perguntaram, sim porque agora deram para me perguntar porque não bazo. É, vê só. Parece que estão a gozar com a minha chipala. Emigrar. Vê se pode...
- Tu que sabes cozinhar. Nem que seja a fazer bolos.
Acho que estavam a pensar na terra da árvore das patacas que sem ser já o era. Ou foi. Mas não p'ra mim. E eu que já não tenho vontade de rir, nem mesmo para ti, que tem dias que não te acho graça nenhuma e me apetece descarregar o meu mau feitio nessa tua pose de boa pessoa, que acredito que nasceu mesmo contigo, bem, eu ri, ri, gargalhei até a lágrima me provocar coceira, cara abaixo, me avisando que se não me ponho a pau não vai faltar muito e vou falar com a própria sombra, deitar a língua de fora, à outra ali do lado igual a mim no espelho, cuspir na própria sopa, dar a outra face.
Te pergunto: A minha sanidade mental corre perigo ou sou eu a exagerar e ainda posso ganhar com o assunto, que nem diz para aí o invejoso (?) que muita malta tipo abutre vai ganhar muito dinheirinho à custa da miséria da lagartixa que nunca soube sonhar chegar a jacaré e por isso é bem feito estar agora a subir paredes ao invés de deslizar pelas águas quentes e lodosas à espera do incauto que sequioso vai beber água ao rio? Afinal o que poderei ganhar eu? Vantagem? Juízo? Tenho p'ra mim que ou morro ou fico doida. Não vejo vantagem nenhuma nisso. Quanto a juízo tive-o a vida toda e deu no que deu.
Te pergunto: Sabes responder? Ou estás com o mesmo problema que eu e se não me calo dou contigo em doido?

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