Dizer a verdade, liberta. Disse-me " ela ". Como se fosse coisa inventada. Ali. Naquele momento.
Às vezes tenho dificuldade em intuir se é " ela " a ingénua. Se sou eu a céptica. Se é " ela " a sincera. Se sou eu vulgar ser, pactuando com a mentira, o argumento ou o silêncio, o fingimento; e já não os considera um tormento...
Continuou - Se o amor é belo porque não dizê-lo aos quatro ventos? Ouvi-a incrédula. " Ela " teria querido dizer? Dizê-lo se te perguntarem - Dizê-lo, apenas, em verso - Exaltando-o, colada à máxima de Pessoa que institucionalizou ser o poeta um fingidor?
Ouviste perfeitamente. O amor não mora em ti? Não consta ser o teu nome do meio? Questionou-me fria e implacável. Desafiadora.
Perante a sua ousadia não me ocorreu desmenti-la. Conhece de mim o que eu por vezes recuso saber. O amor mora em mim, sim. E não é só o meu nome do meio. Sou muitas, sou todas de mim que acreditamos no Amor. Que dizer a verdade liberta. Que o amor deve ser gritado aos quatro ventos. Disse-lhe d' um sopro só, espantada com tanta ousadia.
Huuuuuum! Haverá quatro ventos? Ainda tentei, quase afónica, entre o atrevimento e a teimosia. Para fim de conversa. De resto...
Que importam os ventos, se tu és brisa e tempestade, ciclone e voz, alma, verdade?
Amas? Sente e diz que sentes. Se for verdade. Só se for verdade. Diz " ela " aproximando-se cada vez mais de mim. Ou serei eu mais próxima dela, no amor? Que convence.
É verdade. Ufa! Disse. Amo-te. Amo-te. Amo-te...
A quem? A mim? perguntou " ela " ironicamente.
A ti também porque tu és eu. Mas porque a verdade realmente liberta e me faz voar nas asas d' um albatroz, eu e tu, nós dizemos, eu digo - Amo-te. Minha inspiração...
m.c.s.
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