Olhando as palmeiras à minha frente fui-me chegando à frente na fila da bilheteira. Chegada a minha vez, cumprimentei, pedi os bilhetes e estendi o dinheiro.
O funcionário ( mais ou menos da minha idade ou menos um pouco, sei lá ) olha p' ra mim, cumprimenta muito educadamente e continuando no mesmo registo, sorri e diz-me,
- Como é portuguesa deduzo que queira o recibo com contribuinte.
- Quero sim.
Dei o número. Ele confirmou-o. Algarismo por algarismo.
Sorriu-me e ao fazer o troco diz subitamente,
- O perfume da senhora cheira muito bem.
- Ai é? perguntei desconcertada. Chega aí?
- Chega e cheira tão bem! ( reforçou ) Desculpe mas a senhora tem muito bom gosto; eu tinha de lho dizer. Não me leve a mal ( sorrindo de novo ).
- Não levo. Obrigada. Agradeci divertida.
Não sei porquê mas cheirou-me a " cantada " . Com piada. Simples e de graça.
Daquela inocente. Que não ofendeu. Nem beliscou. Me fez sorrir. E confesso - já andava a precisar que um qualquer ser, mesmo desconhecido, me olhasse nos olhos e desse por mim. Ou melhor pelo aroma que espalho. Às vezes. Quando não sou fel. E não acho a menor piada a entradas destas. Ou por outra. A investidas estúpidas.
Olhando as palmeiras à minha frente senti-me simplesmente mulher. Que pode suscitar uma energia boa, num qualquer desconhecido. E que devolvida, contagia. E toca.
Cantada ou não, devo dizer que não chega a ser uma questão!
Foi um episódio. Curioso.
m.c.s.
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