Vagabundeio-me pela beira do caminho, destinatária, direita ao destino que hoje não queria marcado.
Passos lentos, mochila às costas. Cachecol enrolado no pescoço, a proteger e a enlaçar. E um lar no olhar. A deixar para trás...
Uma saudade súbita a juntar às saudades d' outros dias, outros lares, outros anos a findarem e a começarem também.
Só, de novo. Na bagagem sempre mais do que espero, preciso ou peço.
No peito, rosas e sorrisos. Palavras do coração. Na pele a suavidade das boas intenções. Oferecidas. Na alma, gratidão.
Vagabundeio-me pela estação deserta e fria, chegada sem pressa, sem hora marcada, tanto faz que ganhe ou perca, o comboio que me há-de levar. Carris, vento soprado, da serra.
Despenteia-me, essa brisa gelada que me regela os ossos e me sussurra coisas que o espírito ainda há pouco tranquilo, já em modo carente, quer ouvir.
Vagabundeio-me em olhares. Por este lugar. Onde jazem pessoas de bem, minha raiz. E vivem outras também, que me escutaram, falaram e amaram. E amam.
Vagabundeio o meu olhar pela linha que me leva onde tenho de ir. Rio abaixo. Tejo desejoso de mar.
Vagabunda dos sentidos hoje perseguiria a corrente para a fazer parar.
E ficar-me-ia por aqui, onde é tão fácil ficar, sem a voz do tempo a dizer que é hora de regressar.
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