sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

não nos zanguemos com o tempo

Ontem esteve sol. Porque me deixei ficar no sofá? Porque não estendi a roupa que haveria de secar? Porque não fui passear à beira-mar ou para o campo? Porque não abri portas e janelas para o astro rei entrar e banhar de luz e calor o meu lar? Porque não me sentei numa esplanada a ler um livro? Porque não caminhei na areia da praia e não parei a meditar? 
Porque não fiz uma viagem, curtinha, de carro, autocarro, eléctrico, barco ou comboio e assim usufruir da paisagem? Porque não chamei um(a) amigo(a) para almoçarmos fora? Porque não quebrei a rotina? 
Porque deixei passar as horas como se houvesse muitos amanhãs iguais ao ontem que passou, igual a tantos outros, numa inércia que me faz perder mais que ganhar? Porque não me programei para viver o dia como o mais importante da minha vida? O mais abençoado? O mais amigo? O mais proveitoso? O mais milagroso? O mais grato? Perguntas e mais perguntas hoje que já é tarde e enfermam pela inutilidade. Mas não é tarde para respostas e conclusões.
Porque não resgatamos cada dia como se fosse único ou último. 
Porque deixamos para amanhã aquilo a que temos direito hoje.
Porque não nos amamos o suficiente. E não acreditamos sermos nós, as pessoas mais importantes da nossa vida. Porque não encaramos a vida como um " clã "; uma tribo; o núcleo mais importante, aonde, se queremos ser felizes com os outros e em harmonia com o universo, temos de começar por descobrir em nós a poção que nos vai energizar para obtermos o tamanho que nos vai permitir caber na nossa vida e na dos que amamos.
A harmonia não nasce debaixo duma pedra. Não nos é trazida pela onda que vem rebentar na areia. Nem quando o sol nasce. Ou quando despertamos a cada manhã. A harmonia somos nós que a procuramos. A trabalhamos. A construímos. Chama-se disponibilidade mental. Aliada à física. Chama-se gratidão. Conhecimento. Tranquilidade. Chama-se trabalho. Contemplação. 
Cinco sentidos. Simplicidade. E alegria. Chama-se consciência do ser.
Não nos zanguemos com o tempo. Nada podemos fazer contra. Nada fizemos ou fazemos por ele. Nada fazemos por nós quando viramos costas ao belo. Ao que nos faz bem, é grátis mas nos é caro e desinteressado. Quando recebemos esse presente da natureza e tomamos como uma obrigação, o que é uma doação. 
Aceitemos então. A aceitação pode ser o inicio. Do conhecimento. Da mudança. E da paz. Em nós. Num dia chuvoso. Invernoso. 
Feliz e abençoado seja o nosso dia, HOJE.

m.c.s.
( foto da minha autoria )

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