domingo, 10 de abril de 2016

de mim...

De mim pouco resta do que já foi belo.
As rugas tomaram assento. 
As manchas se evidenciaram.
Os cabelos branquearam.
E a pele se tornou flácida. 
Os músculos não resistiram à dureza dos dias. 
As costas se curvaram ao peso da idade, 
das ausências e perdas, da solidão e das amarguras. 
E até a memória se ausenta nos hojes;
se alongando apenas no antigamente. 

Que já passou e não interessa nada.
De mim pouco resta do que já foi belo. 
Olhar seguro. 
Palavra certa. 
Gesto correcto.
Passo encaminhado. 
Curiosidade apaixonada.
Descoberta entusiasmante.
Ideia inconformada.
Hoje apenas o coração me diz que siga em frente.
Que não está doente, senão de tanto querer. 
De tanto sonhar. 
De tanto amar.
De mim, resto eu...

m.c.s.

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