Há um apagão de estrelas
Na minha alma cansada
À falta de luz que me desnorteia,
Âncora desta cegueira
Ceifada da minha e doutras estradas
Há um farol apagado em noite de breu
Chuva chorada pelo céu
E kalema inventada nas águas paradas
Do rio que me banhou na vez primeira, que nele entrei
Há até um gato preto atravessando a estrada
Uma coruja na torre da igreja
E uma hiena chorando comigo.
Aquela que outrora se ria, à porta de mim
Espreitando a fraqueza
Medindo-me o fim
Há um cheiro a terra molhada...
São lágrimas de dor e perda maior
Nos filhos do amor, da terra mãe
Há a lembrança
No canto do traço, da luz e da cor
No tempo,
No espaço ilimitado de quem faz história
Há uma tribo inteira tocada pela dor
Há uma chuva de estrelas
Nas almas em pranto
Recebendo esse traço, essa cor, esse amor...
Há um homem partindo, terreiro finado
Guerreiro de luz por todos falado
E o além acolhendo-o na sua glória
Há um acrescento de imortalidade na minha memória...
m.c.s.
( partiu a 2 de Agosto último )
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