quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

os amigos

A pessoa gosta de viver. Muito. E bem. E disso tem absoluta consciência. Desde que acorda até que se deita. Nem gosta de dormir senão o necessário à saúde, porque é um perfeito desperdício na vida que tem. Às vezes sonhos. Que não se realizam. Às vezes pesadelos. Que provocam suores. Taquicardia. Medo. Que não controla. Porque dorme.
A pessoa sempre cultivou os afectos. Ao seu jeito. Na família nem sempre é compreendida. Nos amores também. Com os amigos não. Nesse amor que não morre mas pouco cobra há uma sintonia quase que perfeita. Sabe que os amigos só se perpetuam no tempo numa igualdade de doação. Numa aceitação de cedências saudável. Numa triagem de atitudes, relevando ausências e enaltecendo presenças. E sobretudo na lealdade. Na verdade e no carinho. Na independência. 
Um amigo quando está contigo tem de se sentir amado. Especial. Único. Tens de te sentir feliz com a sua presença. Tens de o escutar. De o alegrares. De te colocares no lugar dele quando é necessário. Sem perderes a tua identidade. A tua atitude. O teu ponto de vista. Tens de o olhar de frente. E ver a sua alma. E ler o seu coração. 
Acho que sou boa nisso. Não me ensinaram. Não copiei. Sou. Simplesmente. E hoje mais lúcida que ontem, sei que estou certa. Um amigo é um ser muito importante na minha vida. Às vezes, muitas vezes, quase sempre, enfim, confesso que acho que sempre, essencial. Imprescindível. Insubstituível. Talvez por isso atravessei o Atlântico, sem amigos. Mas eles não se perderam de mim. Não me perdi deles. Nada se findou. Tudo continuou. E hoje com 61 anos sei que a minha fortaleza vem da amizade que cultivei. 
Que cultivo. E sou imensamente grata à vida por ter os amigos que tenho. E ter capacidade, discernimento, sensibilidade e um coração capaz de amar pessoas minhas iguais; e simultaneamente tão diferentes. Com alegria e respeito. 
A Amizade existe. Sim. Eu, os meus amigos, somos prova disso.


m.c.s.

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