Anoitece na cidade...
Olho a chuva que cai, teimosa lá fora. O vento que sopra nas árvores. O monte que se enegrece.
É um tempo de mudança. De despedidas e perdas. De desesperança.
Não fora dias de sol e muitas luas, flores, beijos e abraços, encontros e repastos e outonava-me na concha antiga que se bem abriga, melhor isola e castiga.
E acrescenta cansaço e dor à vida.
Anoitece na cidade...
Na penumbra desta sala há um silêncio secreto. Consentido e merecido. Como um hino mudo, às leis da natureza. E às suas forças. Que não se cumpriu.
Um sol posto que não se viu. Um carinho que não se sentiu. Uma emoção que não arrepiou. Uma estrela cadente que não me encantou. Um frio que de mim se apoderou.
Há um acordo mental fazendo fé na palavra que rompe os silêncios e ecoa no espírito em mudança.
Há uma gata dormindo no sofá de que ganhou a posse.
Uma música melancólica fazendo jus à presença nova do tempo que em outono se transformou.
Há a preguiça e a displicência travando o instinto e a vontade.
Há a nostalgia d' outros dias, outros montes, serras e rios. Outras fontes.
Há a saudade de ti.
Anoitece na cidade.
Foi um dia que já partiu abraçado à noite que chegou. Neste Novembro que feliz se instalou.
Não fora o cenário que me envolveu e protegeu e seria pouco mais que uma réstia de nada. Assim sou tudo.
Anoitece na cidade...
Sem comentários:
Enviar um comentário