quinta-feira, 17 de maio de 2018

faria 107 anos

Quando eu era pequenina amava algumas pessoas. De quem dependia. Que me faziam vontades, não me ralhavam, não castigavam, davam-me o colo e até me permitiam guloseimas e refrigerantes. Davam-me presentes. Estavam presentes - Conversavam comigo como se eu fosse grande e passeavam-me aos domingos. Levavam-me à praia. Defendiam-me dos pais. Eram meus cúmplices. Davam-me atenção. E muito afecto. 
Não sei quando descobri que uma destas pessoas era o avô Carvalho. O homem mais poderoso do meu coração. Do meu sorriso. Da minha saudade. Da minha vontade de estar junto. Deve ter sido 
à medida que lhe fui sentindo a falta, quando foi trabalhar para sul. 
Deve ter sido porque sendo o único, era o melhor avô do universo. O melhor homem que conhecia. O mais íntegro. E rigoroso. Porém o mais permissivo no que me dizia respeito. O mais bem humorado. Dono do sorriso mais bonito de toda a família e com olhos de rir, pequeninos e malandros, a cada partida que pregava.
Cresci. Ele manteve-se sempre presente no meu coração mesmo nas prolongadas ausências que fazia nos intervalos dos Natais e de idas forçadas a Luanda. 
Viveu pouco mais de uma década em Portugal. Em circunstâncias especiais. Às vezes difíceis. Morreu no mês do seu nascimento. 
Hoje faria 107 anos. Faz-me falta esta pessoa bonita que tornou a minha existência mais rica e me ajudou a perceber o que é a família. Que incondicionalmente, me deu todo o amor do mundo. O 
meu exemplo. E único ídolo da minha vida.

m.c.s.

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