Nas primeiras horas do dia, não me incomodem sons externos e intrusos.
Não calo a melodia que me foi embalando o sono e me chega do radiozito da cabeceira, mas não ligo a televisão. É como se não existisse. Nem ela. Nem o mundo e a comunicação.
Acende-se em mim o desejo de silêncio. Do dia a começar...
Oiço-me voz da consciência. Do descanso de noite dormida e sonhada.
Da casa, que embora solitariamente sabe a lar.
Sou eu e eu. Várias de mim. Em acordo.
Sou eu e os meus rituais.
Sou eu e as minhas coisas.
Os cactos recentes. Na sala.
As almofadas tombadas, no tapete do quarto.
Os óculos dentro da gaveta.
A luz do sol entrando pelas frestas.
A sobrevivente brisa da madrugada.
Dona Gata seguindo-me, para onde vá.
Nas primeiras horas do dia sou mais lúcida. Mais inteira. E feliz.
Há a energia a meu favor. E a vontade de me erguer. Reaprender.
Continuar. Inspirar.
O dia a viver. Sem perder nem vencer...
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