foto mcs
( " Tão ladrão é o que vai à vinha como o que fica a guardá-la '')
Já tínhamos estado junto ao rio Zêzere. No Lago Azul. Mas a viagem de muitos kms feitos merecia a visita a outros pontos turísticos. Vila de Rei ficava perto e seria a próxima. E as aldeias até lá e junto ao rio tornaram-se motivo de curiosidade. Entrámos numa estrada que foi dar a uma aldeia decadente - aquelas localidades que parecem aldeias fantasmas, numa situação geográfica que não faz muito sentido que assim seja. Infelizmente vai acontecendo por todo o país...
A única rua que nos levaria ao rio era uma ladeira tão íngreme e estreita que temi não conseguir dali sair ou ir parar ao Zêzere. Felizmente o condutor é seguro e exímio na arte de manobrar um automóvel de grandes dimensões. Quando chegámos ao fim da rua sem saída, desembocámos num pequeno largo onde existia uma casa velha. E na via pública, árvores de fruto como que fazendo um muro para o rio. Saímos para ver a paisagem e tirar umas fotografias. Os figos, nas figueiras, caíam de maduros e os ramos ainda tinham alguns, prontos para serem colhidos. Os marmelos também sorriam para nós como que em espera. A minha amiga foi buscar um saco e começou a colheita. Eu ajudei colhendo uma mão cheia de figos que pus para o saco. Enquanto isso admirávamos a vivenda que sozinha se erguia e impunha, no alto da sua grandeza perante o rio que corria lá em baixo.
Comentámos a localização da casa sendo que a minha amiga é daquelas que vai dizendo a cada passeio que damos por terras bonitas mas pequenas que não se importaria de ali viver. Já eu fujo delas como diabo da cruz. Odeio isolamento, silêncio e ausências. Falta de segurança e de transportes. De gente.
Eu - Já viste o que era viver aqui, mesmo que naquela casa? Que medo de assaltos! Ficas isolada e podes ser roubada e sei lá mais o quê . E ela oportuna, bem humorada, cheia de graça e atirando figos para o saco, responde - Aqui os únicos gatunos somos nós...
m.c.s.
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