segunda-feira, 26 de março de 2018

lisboa - uma ervilha

O Tejo está calmo. Espraiando-se docemente na margem. As andorinhas do mar, as pombas e as gaivotas misturam-se pacificamente buscando comida entre as pedras lodosas. Passarinhando-se. 
Os turistas desnudando o corpo branco alvo do norte ao dia ameno desta cidade acolhedora e hospitaleira, tiram fotos pra mais tarde recordarem e no imediato colocarem nas redes sociais provocando invejas aos mais ocupados ou desvalidos. Os jovens dos tuk tuk abordam descaradamente nacionais e estrangeiros para mais uma voltinha. Ouvem-se vozes infantis, de férias da Páscoa, pedindo gelados aos pais. Bancas de artigos de artesanato e barracas de comidas típicas tentam a venda. A sorte. Que fala várias línguas mesmo se a moeda é única. A tarde ainda tem muito para dar, que a hora mudou e a noite interrompe-a por volta das oito. Apenas.
Eu sento-me num banco de pedra a olhar o rio que mais ou menos veloz avança para a foz. E quando penso que Lisboa é linda, alegre e sedutora, olho quem passa e acrescento - Lisboa é uma ervilha! 
A minha amiga de infância, a primeira de todas as que se seguiram está à minha frente, vinda sabe Deus de onde até que me diz. Tão surpreendida quanto eu. Que me trazia no pensamento, diz-me. Que parece que há coincidências. Eu não acredito nelas mas creio nas energias e nos pensamentos. 
Nesta Lisboa que eu amo de paixão, os encontros inesperados primam por ser felizes. 
Ganhei o dia quando sentadas na lage junto ao Tejo conversámos como sempre. Como se fôssemos meninas e estivéssemos na nossa cidade placenta. 
Não estamos, mas de repente, Lisboa ficou ainda mais linda.

m.c.s.

Sem comentários: