segunda-feira, 4 de setembro de 2017

tabaibos




Tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta -
isto ouvia eu nas salas de audiências, vezes sem conta. 
No caso, ela, a minha companheira de viagem, andava com um plástico para não se picar arrancando os tabaibos das piteiras da beira da estrada e metendo para o saco - e eu segurando no dito, a ajudar. Depois ainda chegou alguém com uma caixa plástica, que nos esperava a poucos metros e das ruínas de Miróbriga que encontrámos fechadas devido ao adiantado da hora. 
Para não darmos o desvio por perdido fomo-nos aos tabaibos que foi uma pressa e não os arrancámos à dentada porque os próprios defendem-se e muito bem. É que a melhor defesa é o ataque e esta coisa que alguém disse que é muito boa e que na banda comia-se já no tempo do uaué, eu nunca comi e queria provar - esta coisa, a que chamam figos da Índia ou de piteira, tem picos a dar com o pau e ferra na pele dos afoitos até ao sangramento.
Ladraram cães das fazendas e dos quintais vizinhos, apareceram gatos com coleira, sem coleira, todos pretos - não sei o que isto quer dizer mas no Alentejo há muitos gatos de rua, todos pretos - ouviram-se vozes falando intrigadas e olhos espreitando, que eu vi, mas enquanto não enchemos o saco não 
saímos dali. É que tudo o que a nossa vista alcançou foi nosso e demo-nos ao luxo de escolher.
Foi a verdadeira caçumbula à junta de freguesia. Ou não...
Se se sentem lesados que se queixem mas o que é da estrada a todos pertence. Digo eu. E se assim não é, temos pena mas foi do saco para o papo. E que bem que me souberam...

m.c.s.

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