quinta-feira, 23 de março de 2017

homofobia na ordem do dia

" Os moços não andam aí aos beijos. Não andam a fazer nada de mal. Quem não souber nem se nota ". João Maria, o maestro é um dos " moços ". Impedido de desempenhar as suas funções no coro da Igreja de Castanheira de Pera, por afastamento. Tomada de posição da Igreja, que inventou desculpas esfarrapadas que a motivaram, para não ser acusada de homofóbica. Pois que o maestro é gay e não tem problemas com a sua orientação sexual. E lá na terra, há quem diga que era um anjo branco; até descobrirem a sua homossexualidade - tendo desde então passado a demónio.
O coro está em pé de guerra e os fiéis pediram ajuda à ILGA para que o maestro João Maria possa retomar a sua actividade.
Castanheira de Pera é uma localidade de interior. A Igreja ainda se julga com o poderzinho abusivo e castrador sobre os seus paroquianos. Mas o povo acordou para a vida. Tem os olhos abertos. E sabe o que quer. E quer lá o maestro. E insurgiu-se contra a Igreja protegendo o maestro gay.
Muito me surpreende a Igreja. Tão escrupulosa num assunto para o qual tem telhados de vidro. E não é por ser do domínio público a existência de práticas homossexuais entre alguns membros. A homossexualidade é irrelevante. Os telhados de vidro são pura e simplesmente porque era suposto não se envolverem em práticas sexuais. Como defendem e tornaram ponto de honra. Lei. E sabemos que desde envolverem-se com as empregadas e fazerem filhos que ao longo dos tempos foram reconhecidos como afilhados, também entre eles se envolvem sexualmente. 
Muito me surpreende este digníssimo coro. Justo. Que quer um maestro que estima. A quem reconhece grande capacidade de trabalho. Seja ele homossexual ou heterossexual. 
E não me surpreende um pensamento dito por uma mulher à televisão - " Os moços não andam aí aos beijos. Não andam a fazer nada de mal. Quem não souber nem se nota ". 
É que aparentemente parece " aceitação " da homossexualidade do maestro e do seu companheiro. Desde que não ofenda a sua condição de mulher séria. Logo, sabemos que se for como até agora, perfeito. O maestro porta-se bem. Mas não pode andar aos beijos com o seu moço, nem fazer nada de mal, tão pouco parecer que é um casal - sei lá, andar abraçado ou com manifestações públicas de afecto. É que se não o fizer nem vai parecer que é um casal. Gay.
Sabem o que vos digo? Uns mais homofóbicos que outros mas todos a anos luz duma sociedade justa e despreconceituosa. Igual.
Quando é que este povo percebe que a orientação sexual a cada um pertence? E a homossexualidade não é doença que se pega?
E aonde é que aprenderam que ser feliz só existe no dicionário dos heteros?
Enfim! Que longa caminhada na mentalidade este povo tem de fazer para ser pessoa. Sem género. Mas com número. E que não seja um zero. À esquerda.
m.c.s.

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