Ando assustada. Não há mealheiro lá em casa. Só uma lata do chinês, com uma ranhura para moedas de 50 cêntimos e 1 euro. Ainda não está cheia, nem lá perto. Todos os dias olho para a bendita lata e pergunto-me quando a abrirei. Será que chegarei a enchê-la? Não me parece.
O leite vai subir. Da vaca. E da soja, não? Não há calores, nem suores, nem afrontamentos que entrem comigo. Dizem que é da soja. Acho que vou ter de comprar um leque, ou dois ou três, para me abanicar porque vou ver os produtos naturais e a minha saúde por um canudo.
E os iogurtes? Já não tenho iogurteira. Mas acho que vou voltar à forma primitiva. Ainda sei fazer desses iogurtes, num aprendizado daqueles tempos que era preciso poupar muito.E diz-se que são mais saudáveis e tudo. Só benefícios, portanto. O meu estômago passará a latir a a vesícula a rosnar, mas isso é só um pormenorzito de somenos, no mundo animal.
As salsichas...ah, se não existissem não me faziam falta, mas para qualquer eventualidade... Sabiam que eu sou do tempo , e vou-me enterrar toda pois perceberão que sou muito, mas muito antiga, mas não consigo deixar de dizer que sou do tempo de me lembrar de aparecerem as salsichas em lata...jesus maria, não é?
Dizem para aí que parece que não vamos ter perna para o passo nem que nos estiquemos todos. Cachorros...acabaram.
Os leites de chocolate...meu rico batido! Espero que não se me acabem os meus batidos porque já não sei viver sem eles. E o chocolate dizem que se deve comer, pelo menos o prémio Nobel de medicina de 98, que por acaso é médico da Herbalife, come todas as noites um quadradinho de chocolate preto; que acalma dizem também. E estes senhores que gerem e mandam no nosso destino não nos querem muito, mas muito calmos mesmo? Assim para o anestesiados? Pois então? Não à subida dos leitinhos de chocolate que são tão bons, o da ucal então...
O pão...integral, de centeio, de sementes, ómega 3, para o coração, sem sal, farinha de trigo, de 3 farinhas...enfim, deram-me uma máquina de fazer pão, no Natal passado. Está lá fechadinha. É agora que vou mudar de ramo. E passar a padeira. Farei pão de forma e comerei uma fatiazinha por dia porque vai ter de dar para a semana e eu se quiser sou muito poupadinha.
Se quiserem, fazemos negócio. Eu vendo um pãozito a quem estiver muito necessitado.
Em tempos de crise quem tem olho é rei, em terra de cegos, claro.
O negócio pode ser uma saída. Poderei tornar-me a madame rissol. Eu e os rissois temos uma relação próxima, quase apaixonada. E posso alargar para croquetes, empadas, pastéis de massa tenra. Pastéis de bacalhau, não. Nem sempre calham bem, dizem que é da batata, e convenhamos que a batata pela lógica, não vai melhorar, e bacalhau, vai ser custoso encontrá-lo daqui para a frente.
Pois é. Surgiu-me uma ideia iluminada, daquelas que desenham muitos cifrões à frente dos nossos olhos. E uma máquina registadora. Só a facturar...
Parece que me estou a ver já. Mais ao reclame luminoso a catrapiscar: A tasca da Tia Clara...
Bonito o nome. A puxar ao pirosérrimo, como convêm.
Mas será que terei clientes?
Pode ser que os senhores governantes gostem de comidinha caseira. Também faço. Arroz de feijão com pastéis. Feijão com couve. Requentado. Petingas no forno. Açorda com pataniscas.
Uma boa açorda me estão a sair estas medidas.
Confesso que ando assustada. Já pensei que se passar um pouco de fome não se perde nada. Só quilos, o que era uma benção. Seria maravilhoso, não gastando e podendo usar as roupinhas que pûs de lado há uns tempos. Mas e se mesmo passando fome não chegar? Sempre posso comprar uma tenda e montar a barraca à porta do tribunal...e ainda assim se deprimir e não quiser viver...assim? Nem dinheiro terei para uma pistolita.
Confesso que ando assustada. Com medo de meter medo ao susto, que vou-vos contar, como certa gente feia que para aí anda...
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
pelo sim pelo não sugiro um 'stockzinho' de leite, açucar e latarias, tipo preparação para tempos de guerra......a coisa tá a ficar preta.....
Tu amiga sabes bem como se faz né? Lembro-me que aí por finais de 70 houve uma altura em Luanda que só havia arroz e vocês comiam arroz de todas as maneiras e feitios semanas e semanas a fio...passaram que passaram, mas havia guerra.
Agora que penso nisso até sinto vergonha de me queixar à toa.
Jinhos
Enviar um comentário