Às 6.56 horas ainda é noite. Aliás às 7.20 horas ainda não é dia.
- Bom dia. Um bilhete para Riachos, por favor.
-São 7.05€.
-É agora às 7.56 não é?
-Não. Às 6.56.
-Ah pois. É isso.
-Ai o sono, esse malandreco.
Sorri para a criatura bem disposta, ele sim, e não o meu sono, malandreco.
- Então uma boa viagem no comboio das 7.56.
-Muito obrigada, mas olhe que não. Não quero a sorte desse horário que às 9 tenho de estar a trabalhar.
- Chega antes das 9.
- Ainda vou ter de fazer cerca de 20 kms, depois de chegar.
- Ei minha senhora, você é uma mulher de armas.
Sorri de novo. Um engraçado acabadinho de me sair na rifa.
De armas são as mulheres que da margem sul têm de vir para Lisboa, levantarem-se diariamente de madrugada, prepararem tudo para que as rotinas familiares se cumpram, apanharem autocarro, barco, autocarro, metro, eu sei lá, até se sentarem num qualquer local de trabalho, que devia ser de descanso, tal a trabalheira. Enfrentarem umas quantas horas, vencendo o cansaço, o desânimo, o sono e a má disposição, delas e dos outros que as rodeiam.
Eu posso ser de armas, não sei, mas sei-me sobretudo de bagagens. Mala para cima, mala para baixo. Pitanga que vai, Pitanga que fica. Fim de semana curto, fim de semana comprido. E movendo-me, a vontade que o domingo à noite, sombrio e deprimente de vez em quando não exista, mas sim manhãs de segunda e neste caso de quarta-feira que começam em madrugadas apressadas, conversadoras, bem dispostas e com um nascer do sol deslumbrante, a fazer lembrar que vale a pena viver. Seja de costas ou de barriga.
De armas eu...
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
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