Como janela que vira para o mar, o espaço sóbrio, antigo, secular me cala o que o coração grita, mas se debruça sobre as águas da Baía, numa sedução e paciência de jó que só nesta terra tem. E canta na melodia dos pescadores da Ilha fumando cigarros negros como eles, no canto da boca, e panos garridos fazendo de saia. E turbante na carapinha. E reza à Sant'Ana ali do outro lado, onde a vista alcança Norte.
Na hora que o dia pára e os primeiros candeeiros espalham a luz, a minha sombra escondida no tempo e na alma, salta silenciosamente para a rua e se passeia por estes cantos e recantos de magestosa harmonia e beleza sem igual.
Luanda escurece lá fora e se ilumina dentro de mim.
Queria inventar um banco de jardim. Feito todo de pedra. Como estas paredes de uma fortaleza sem fim. Colocá-lo aqui onde o tempo não passou e a vida corre devagar. E inventar os meus sonhos por sonhar, olhando o mar. E o farol da Ilha. E a Samba...
E sonhar-te. Aqui, neste lugar. Ao meu lado, olhando a minha cidade, o nosso mar.
Um dia, eu sei, um dia isso vai ser um sonho verdadeiro e serei feliz.
Vou esperar sentada e enquanto espero, vou ter Luanda no olhar e no coração também.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
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