sábado, 31 de março de 2012

nome marca personalidade?


Não tenho culpa nenhuma disto.
Tanta coisa boa sobre o meu nome. Logo, sobre mim.
Eu até perguntei  para com os meus botões: Mas eu sou tudo isso? 
Diz que sim e eu acredito, pois claro.
Puseram no meu mural e eu amei. 
Já gostava do meu nome, que herdei da minha avó paterna. Mas sabendo disto, passei a adorar. 
E quero ver se faço jus ao que está aqui escrito.

no primeiro dia de férias


Desde as 17 de ontem que se quisesse, ia para a China. Como se diz em Torres Novas, férias são férias e nem que vá ali aos Pintainhos ( uma aldeia do concelho ) já é muito bom. Não sei se sou eu a mentalizar-me se é mesmo assim. Acho que na fase da vida, idade e situação financeira, em que me encontro, tudo é bom. Cada minuto, cada encontro, cada viagem, cada dia de férias que posso gozar. 
D. Pitanga foi apanhada à má fila e colocada na gateira em rápidos e  dolorosos segundos, que isso sempre me deixou nervosa  e angustiada e a ela furiosa e inconformada. O mano Zé parou à minha porta e em 10 minutos estava na estação de comboios. 
Família é família. Quando ia p'ra contar as novidades da minha gente colada a mim, porque não há segredos entre nós, já a caçula tinha contado. As boas novas, não interessa quem as conta, o que basta é que todos as partilhemos. Havia uma novidade boa, boa que ainda não sabia e deu-me o prazer de primeira mão, contar-lha. 
O comboio depressa chegou e logo à entrada, não fosse o revisor e espalhava-me ao comprido em  modo de  1,73 metros o que é um espalhanço longo e volumoso e vá lá, a dar para o humilhante.
Felismente equilibrei-me, afinal para que me serve tantos anos a virar frangos? Domino autocarros, metros e comboios. O que queria mesmo era dominar aviões e estar a caminho de um país paradisíaco. Ou dos meus afectos. Na falta, vou para Lisboa e vou muito bem. Volta o conformismo do que tem de ser e  por isso tem muita força, e o que não tem remédio, remediado está. Apesar do conselho de alguns para pescar uma criatura velha, sem filhos e rico ( aonde é que eles estão? ) não me apetece pescar, não tenho paciência, não sei ficar em silêncio para que o peixe venha e acho horrível estar de cana na mão à espera que morda o isco. Já basta o que basta. Há quem ache que vale mais ir para o inferno a jacto do que não passar da cepa torta. Se calhar também daria esse conselho a quem o quisesse, p'ra mim não serve, pois que a liberdade é tão boa que me permite decidir apanhar o comboio logo pela matina, ir a ouvir música, navegar na net, olhar a minha Pitanguinha que vai aninhada no fundo da gateira e ainda olhar  a lezíria, sempre bela e sempre diferente, ora com cavalos, ora com bois ou ovelhas, garças e cegomhas. Ora com milho, oliveiras, ora com azinheiras, árvores de fruto, ora com o rio tejo na minha esquerda ora com os campos de tomate e arroz, na direita. 
Hoje é um dia que foi por mim comemorado ao longo de vários anos. Não consigo passar a folha do calendário indiferente. Esquece, dizem alguns. Aqueles que deixam passar aniversários, Natal, Carnaval, Páscoa, datas de casamentos, batizados, primeiro beijo, primeiro romance, primeiro qualquer coisa. P´ra mim que reservei a prateleira maior da minha vasta memória para essas e outras datas que ninguém imagina, juntando-lhe sensações, perfumes, músicas, roupas, sorrisos, hoje é um sábado, como o foi há cinco anos, do qual não guardo boas memórias, mas hoje, um sábado bem diferente. Já não comemoro e se querem saber nem tenho pena, eu que fico sempre com uma saudade danada do que já tive e perdi. Mas apesar disso, o dia existe e basta ligar o computador para saber que é dia 31 de março. Desejo para mim que este dia me corra melhor do que o outro há cinco anos. Meu Deus! Cinco anos...o tempo às vezes passa rápido, outras parece que nem existiu e outras ainda parece que foi há tanto tempo...
Não sei porque, mas o comboio faz-me sempre reflectir. Não sei se porque tenho de atravessar o ribatejo. Passei Santarém há pouco. Será disso? Não gosto de Santarém. Apesar de ser capital de distrito. Apesar de ser uma terra bonitinha. Nunca gostei. Gosto mais do Cartaxo, que é logo a seguir ou de Tomar, que ficou para trás. Não tenho qualquer simpatia pelos scalabitanos e isso acho que é injusto da minha parte, mas...não sou perfeita. É uma terras que gosta de armar ao pingarelho e que se refugia por de trás das cortinas, num preconceito e autismo que não é particularidade, é defeito. Tem a feira da agricultura e a da gastronomia, bem como a praça de touros para o desfile das vaidades, As Portas de Sol para os namorados e amantes e também os miúdos da escola meterem para a veia, tinha quartel e teve Salgueiro Maia, até tem estátua do dito, que tardou mas lá arrecadou, tem o Tejo a banhar-lhe os limites, tem fataça na telha, tem muito do que o resto do país se queixa de lhe faltar e até tem gente de muito mau carácter e reputação duvidosa, mas isso são outros quinhentos e não pode pagar o justo pelo pecador, mas não gosto de Santarém, e pronto. E ponto. Final. Apesar do meu lugar de oficial de justiça passar pela possibilidade de lá ir parar quando o meu tribunal fechar. Dizem que não falta muito. Dizem que até lá me reformo. Dizem muita coisa e também que nos vão colocar em Santarém. Há destinos. Há azares por que temos de passar. Karmas que temos de cumprir. Estou por tudo. Mas nada me fará gostar de Santarém.
Hoje é o primeiro dia das minhas pequenas férias. Quero esticá-las numa liberdade que me faz tranquila, numa preguiça que me faz feliz, numa paz que me aquieta.
Ao meu lado, vai uma mulher de casaco camel aveludado. Lembra-me um que tive e que a dona Lena, minha costureira, há-de lá ter ainda para apertar. Há mais de 5 anos. A dona Lena é especial. É preciso muito jogo de cintura para não se desistir dela. Acho que não é isso que me mantêm  presa aos seus serviços mas porque ela parece retirada duma qualquer estória, duma qualquer peça. É a típica personagem que não queremos para nós mas gostamos de ver representar. - Ah minha senhora! Acha? Não minha senhora...diz ela numa dicção perfeita e invejável, sem mover um músculo do rosto, sem pestanejar e sem qualquer remorso, porque é uma mulher prática, calma, fria, muito racional e educada.
- Dona Lena, mas as minhas calças têm uma perna mais estreita que a outra.
- Oh senhora dona Clara, provavelmente a senhora é que tem uma perna mais grossa que a outra.
E a gente fica com cara de tacho porque ou pomos as mãos na cintura e rodamos a baiana, o que não temos coragem perante a educação da criatura, ou desistimos dela e dos seus  préstimos e empobrecemos porque uma pessoa como a dona Lena nas nossas vidas é uma mais valia. E por isso é que vão-se os casacos e as calças e fique a dona Lena. Essa mulher que teve um marido negro, da Guiné e diz que não gosta de " pretos ", tem um filho mestiço e diz que não gosta "dessa gente ", - a senhora tenha a santa paciência, sei que veio da terra deles, eu não tenho nada contra os senhores de raça negra mas não sei como fui casar com um que de senhor tinha muito pouco. 

Tenho saudades da dona Lena. Um dia destes passo lá no atelier, um cubículo húmido e desarrumado, cheio de máquinas das fábricas de malhas de Minde e Mira d'Aire que faliram e fecharam. Carros de linhas de todas as cores, gigantescos, uma mesa retangular maior do que alguns quartos, com tesouras medonhas e revistas fora de moda com os modelitos que ela faz sabe-se lá a que duras penas. Com direito a protesto e devolução se aperta demais na cintura ou se deixa as bainhas compridas ou curtas,  ou as pernas desiguais. Ou pior, um decote tão grande que acaba no umbigo como já me aconteceu.
Chegámos a Vila Franca. Entra um grupo enorme, mais de 10, de brasileiros, jovens e crianças. Homens e mulheres. Falando alto, rindo e ocupando as últimas filas da minha carruagem. Brasileiro é brasileiro. Não há volta a dar. Basta observar e copiar essa boa disposição que a vida corre bem légal. Uns acordes de viola e vozes cantando músicas invocando cristo e logo percebi que são de alguma igreja destas que apareceram há pouco tempo por cá e  não da velha e castradora igreja católica.
A Pitanga que tem ido sossegadita, ao ouvir as vozes em coro olha-me como quem não percebe porque uma hora de viagem é tão silenciosa e subitamente se torna tão alvoraçada. 
Finalmente chegamos a Oriente. Carregada como estou, estou sempre, tenho de me apressar a apanhar um taxi que me leve ao Olival Basto. Depois...é a vidinha de sempre. Mas, de férias.

sexta-feira, 30 de março de 2012

foi assim

Saí de casa já era noite. A cidade cheira bem. As flores espalham o seu perfume adocicado.
Percebe-se a primavera no ar fresco da noite que não chega ao arrepio.
Há grupos de mulheres caminhando apressadas como se fossem apanhar o comboio ali para as bandas dos Riachos ou do Entroncamento. Como se costuma dizer, com o fogo no rabo. São as hormonas aos saltos. A praia no dobrar da esquina deste tempo quente. As gorduras necessitando ser eliminadas. É a vontade de ser bonita, agradar e ser desejada.
Desço a rua. O ginásio da Lena C. está ao rubro. Todas as noites a sala das máquinas tem as portas abertas e da rua podemos ver o andamento destas pessoas que malham sem parar, ajudadas pelo PT.
À minha frente reconheço as traseiras de um homem especial. O andar e a forma de vestir. O tamanho imenso.
Tenho uma amiga à espera no fundo do viaduto. Hesito entre atravessar  a rua seguindo o meu caminho ou apressar o passo para lhe chegar e assim cumprimentá-lo. Não posso deixar uma pessoa à minha espera no fundo do viaduto já noite escura. Não que seja perigoso mas é concerteza intrigante para a mentalidade de certas pessoas. Ainda há quem pense que há gente no " ataque ". Pobre da minha amiga. Ocorre-me outra, que brinca com as histórias das violações, nós que trabalhamos todas com o mesmo, e que diz sem o menor pudor que se alguma fosse violada tinha de colaborar...coitada da minha amiga! À minha espera no fim do viaduto numa cidade que a partir das oito da noite não mexe senão à sexta-feira e sábado quando caem cá todos os forasteiros que acham a noite em Torres Novas, fantástica, só porque lá na terra deles não têm discotecas nem uma praça 5 de outubro cheia de bares e de gente a beber copos e a ouvir música nas esplanadas.
Quase sem querer, atravessei a rua. O Luís M. olhou para trás. Como frequentemente acontece quando parece que algo nos obriga a olhar para trás. Sorriu, voltando-se para a estrada e atravessando-a.- Olá! Hoje vais andar sozinha? Então e a Manuela?- Está de férias, mas tenho outra amiga à minha espera.
- Estás em forma?! Cada vez te acho melhor. Quantos quilómetros?
- Sete. Mais ou menos. E aqui para nós que ninguém nos ouve, domingo fui fazer a meia-maratona. - A sério? Isso é muito bom. Quanto tempo demoraste? - Hora e quarenta mais ou menos. O Luís M. é uma boa pessoa. E sábio. E deixa falar o poeta, o cartoonista, o desenhador, o reflexologista.E disse-me que eu estava mais bonita. E eu percebi. Com as letras todas o que os olhos do Luís lêm.- Não te empato mais. Vai lá ter com a tua amiga.
E eu fui. E andei como noutras noites. A cidade já mexe mais qualquer coisita. É do calor que se faz sentir. E do verão na curva do caminho espreitando para todos.

Sixpence None The Richer - Kiss Me (She's All That official music video)

uma maratonista de trazer por casa - eu








 fotos tukayana.blogspot 

Iniciar a marcha no tabuleiro da ponte não foi difícil. Rapidamente ficaram os que apenas queriam fazer quilómetros, cumprindo no seu passo mais ou menos apressado, até cruzarem a meta.
Eu estava por tudo. Quando quis fazer esta caminhada moveu-me a curiosidade e a vontade de perceber do que era capaz quanto a resitência física. E a festa. Porque é mesmo uma festa e isso eu não perco por nada deste mundo. Os quilómetros são mais do que aqueles que diariamente faço à volta de Torres Novas mas não muitos mais. O calor que se fazia sentir é que era suprior à temperatura das noites em que ando. E a pressão também. Ali não havia montras para ver, amigos para conversar ou xixi para fazer atrás de uma sebe qualquer. Ali havia uma ponte imensa. Trinta e oito mil pessoas, bonés vermelhos. Uma meta. E dois amigos que caminhavam em passo apressado à minha frente e que perdi de vista pouco tempo depois de iniciar a minha marcha. É que eu pretendi para além de andar, tirar fotografias e  apreciar tudo o que estava a acontecer à minha volta. Os telemóveis servem para comunicar e por isso tudo correu na perfeição. Ainda em cima da ponte senti uma tontura. E o chão a fugir-me e eu a querer pisá-lo com segurança e ele a fugir e eu a ficar incomodada e a tirar o casaco e eu a beber água...
Assustei-me sem entrar em pânico: Eeeeh láaaaaa, maria clara, que é isso? - Ainda olhei a ver se via a cabeça branca com o boné vermelho, do João, ou o chapéu escuro da Mena, mas deles nem rasto. E pensei para com os meus botões que se me desse o badagaio, teriam que arrancar-me o número preso no peito da t-shirt e assim contactarem a minha cria mais velha, pois era esse o contacto que pusera para o caso de correr mal.  Atrás de mim uma senhora dizia para outra: - Estou a sentir tonturas. - Não te preocupes, que isso não é nada. A ponte é que está a abanar e sente-se isso. Aliviei. Uuuuufa! Porque é que não pensei nisso? Ok, então vá, maria clara, prá frente que atrás vem gente. E  fui andando e tirando fotografias até me apanhar na avenida 24 de julho. Dali ao museu da electricidade parece um ápice, de automóvel, é claro, porque depois de tantos quilómetros, vou-vos contar...
As bebidas energéticas, que oferecem na beira da estrada e que se vê desperdiçarem num dó d'alma que custa tanto ver gente assim desgovernada, também ajudam numa distração que parece que o tempo e a meta ficam mais perto. E as bandas tocando só para a festa, também. E os estrangeiros empunhando bandeirinhas e vermelhos do sol e da alegria de verem gente maluca andando e correndo atrás sabe-se lá de que propósito, também. Já os lisboetas  não se animam com a passagem da festa.
Mas apesar dessas distrações a gente que sabe, sabe que Belém não é logo ali, até porque eu já fiz uma passeata com a filha desde Alcântara, sempre na beira do rio, mas fazendo paragem numa esplanada de beira-rio, para almoçar olhando a água, os barcos e o sol de domingo, para depois recomeçar  até ao jardim,  pastéis de nata e centro cultural de Belém. Mas isso é passeio, lazer. Usufruir de tempo,  do querer, da companhia, não uma maratona que por muito mini que seja não se leva com uma perna às costas, sobretudo se as pernas doem e os pés esperneiam e berram que estão moídos. Sobretudo se não se é uma atleta satisfeita com a sua condição mas uma atleta de trazer por casa como eu.
Não sei, mas  ao cruzar a meta e quando me meteram uma medalha  e um gelado de maracujá nas mãos, pois que a banana recusei, era uma das ofertas à chegada - bananas e gelados e um saquinho com algumas bebidas e uma barra de cereais, muito de mim para mim pude dizer satisfeita: Desta já te safaste, maria clara. 

Encontrar os meus amigos foi facílimo. Eles demoraram 1 hora e 10 e eu 1,40 mais coisa menos coisa, o que significa terem esperado por mim meia-hora. Agora é que percebo que afinal foi uma séca esperarem-me. Estavam frescos que nem alfaces acabadas de chegar da horta. Mas eu também não estava mal. 
Não foi assim tão difícil. Se repetia? Claro. Já para a próxima. E quero ver se arranjo outros militantes nestas lides porque de facto é para além de tudo, divertido, giro e saudável. Para o ano há mais. 

lisboa vista da ponte 25 de abril







fotos tukayana.blogspot

onde estás...

Lançada a semente à terra
Reguei as flores do jardim
Espalhei o perfume das rosas
Os caminhos teci a cetim
Trouxe cerejas e pitangas
Pintei acácias e buganvílias
Da cor vermelha da flor
Chamei músicos e orquestras
Anjos tocando harpas
Vesti a nudez de esperança
E esperei...


Onde estás ?
Que não te encontro
Na rima do meu tema
Nos versos deste poema
Nem nos pontos de exclamação?!


Onde estás?
Que não te encontro
Na curva do meu horizonte
No pilar da minha ponte
Nas aspas do meu coração?!


Vesti a nudez de esperança
E esperei...

Onde estás que não te encontro?...

m.c.s.


quinta-feira, 29 de março de 2012

aconteceu assim...





fotos tukayana.blogspot
Algumas das fotos de domingo, dia 18 de março, aquando da mini-maratona.
Nada em que me meto acontece sem incidentes ou que não mereça assinalar. Ou eu atraio a anormalidade ou a cada segundo as coisas acontecem e andamos distraídos e nem sempre damos por isso.
Chegada a Oriente, entrei numa das carruagens e a coisa aconteceu sem problemas. Os amigos com quem ia são porreiros e por isso estava tudo numa boa. Mudámos de comboio em Entrecampos. Esse comboio que nos levou até o Pregal era óptimo. De dois andares, à semelhança dos comboios que deslizam sobre os carris dessa europa fora por onde já andei. Na estação de campolide entraram pessoas como entram no metro quando vão para a Luz ou para Alvalade; com a mesma pressa, irrequietismo e vocação para claques, apenas as vestes eram diferentes. T-shirts negras, calças e calções de fato de treino, sapatilhas variadas, e bonés. Com a entrada dessas pessoas os corredores ficaram ocupados que até precisei de conter a respiração várias vezes, cheirando a minha mão que sempre cheirava a lavado, creme e perfume. É que os desportistas de domingo sabiam que iam suar e evitaram tomar banho que a água e o gás estão pelas horas da morte. Mas como se isso não bastasse para incomodar quem é lavadinho, falavam tão alto, riam tanto e contavam tantas piadas ( secas ) que deixaram de ter graça ao fim de dois ou três minutos. A ponte ficou para trás e houve quem dissesse que - já nos safemos de cair ao rio - o que nem sequer me passara pela cabeça tal era a boa disposição e a curiosidade que tinha para aquela prova de sucesso internacional e que movia tanta gente de todas as idades, credos e géneros.
Chegados ao Pregal, as minhas pessoas foram beber um café. Depois começámos a caminhada a pé até às portagens.
Na minha bolsa, uma carteirinha que comprei no natal a uma rapariga meio hipie que estava a fazê-las em frente à Brasileira, no Chiado. Giríssimos. Depois de ter parado para lhe comprar três carteirinhas, uma p'ra mim e uma para cada uma das minhas crias, outras criaturas pararam e juntou-se numa roda muita gente com espírito para gastar dinheiro em época natalícia já que há presentes que ficam por comprar até às últimas. Foi uma bela compra. Cada vez que vou andar, levo a bolsinha. Nela cabem os cartões necessários, moedas e até notas. Para além da carteirinha, levei para a maratona, um maço de lenços, uma garrafa de água pequenina, a máquina fotográfica, e uma embalagem de barras.
O helicóptero da televisão, muito colorido voava acima de nós em círculos ao cristo rei, ao rio e a nós, pessoinhas, muitas, mais que muitas esperando a partida junto ao tabuleiro da ponte 25 de abril. Pode não ser para os demais,  interessante, passar uma ponte como esta, a pé, já que é proibido para além desta prova fazê-lo com normalidade. Eu acho interessante. A repetir.
A boa disposição fez lembrar acontecimentos como os dias e as noites da Expo em que se sentia que as pessoas se uniam para serem felizes em colectivo. Havia uma coisa poderosa e bela que era o prazer e o orgulho de sentir portugal capaz de oferecer ao seu povo o que outros países já o tinham feito e bem. Também a Rock in Rio consegue isso a cada vez que se realiza.
Senti no domingo, o que se sentiu e senti também, na Expo e no Rock in Rio. Todos pelo prazer e pela saúde. Pela curiosidade. Pelo desporto.
À hora marcada, 10,30 a prova começou. Depressa os que queriam correr se distanciaram daqueles que iam andar.

quarta-feira, 28 de março de 2012

aqui começou a minha odisseia

foto tukayana.blogspot
Estação do Oriente. Comboio das 8,26. Várias pessoas vestidas com vestes diversas, com algo em comum. Um quadrado de tecido com um número, preso por alfinetes à t-shirt. 
Ao domingo de manhã Lisboa tem outro encanto. Em dia de mudança de hora, a cidade dorme ainda. Apenas quem se inscreveu na meia-maratona está alegremente ensonado. Ou melhor, acordado quanto baste para se sentir alegre.
Em Entrecampos há troca de comboios. E começa aqui a odisseia.
Nunca tinha atravessado a ponte de comboio. E tão pouco a atravessei a pé.
No domingo foi a primeira vez. E não me arrependi. Pelo contrário, gostei bastante.

lisboa vista da ponte 25 de abril


fotos tukayana.blogspot

hoje estou feliz

Aqueles que valorizam as minhas crias, massajam o meu coração e têm a minha eterna gratidão.

terça-feira, 27 de março de 2012

por hoje ficamos assim


Trabalho há três décadas e mais uns trocados. No tribunal. Primeiro em Torres Novas, depois em Alcanena.
Nestes trinta anos estive nesta última e voltei ao local de origem por duas vezes. Há 13 anos que por lá ando sem pensar regressar a menos que me coloquem aqui quando o meu tribunal à semelhança de outros, dizem, fechar. Quero ver se não me canso a pensar no assunto. Quero ver se não deprimo. Quero ver se espero tranquilamente o momento de bater com a porta. 
Ao longo de todo este tempo, que é uma vida, fui vendo chegar e partir vários colegas. Alguns partiram de vez, como o Mota, o Nunes, o Pereira, a Otília e o Barra. Eu também deixei a avenida 25 de Abril e o edifício  que conheço como a palma das minhas mãos, por duas vezes. Hoje uma colega, que por acaso é minha xará, a única xará que tive, colega de trabalho, disse-nos adeus e até outra vez. Assim, de repente. Uma requisição, um ofício, uma satisfação e votos de felicidades e a gente há-de ver-se por aí...
Porque as despedidas por vezes custam, se calhar também pelo inesperado e porque a colega em questão sempre foi correcta, discreta e com uma forte lucidez do que é ser colega de trabalho, a sua saída repentina mexeu comigo.
De volta à cidade do Almonda e com o sol ainda quente numa tarde de verdadeiro verão apetecia tudo menos ir para casa. E porque as esplanadas estão ali a sorrirem para quem quer, lá fui eu sentar-me numa  delas. Uma coca-cola zero e uma imperial, um saco de pistascios. Outra imperial para uma terceira pessoa e alguém d'outra mesa que conversa connosco e sai antes de nós. E uma surpresa boa. Quando queremos pagar, esse alguém que conheço há 300 anos e tinha a alcunha de pato marreco quando estávamos no tempo do João S. do Tó, do Bispo, da Luísa, hoje um distinto advogado desta e doutras praças já o tinha feito por nós. Nos tempos que correm isso vai rareando e mais uma vez acabei sendo surpreendida. Enquanto ouvia um quadro de doença da mãe de uma das pessoas que comigo se sentava à mesa, olhava a paisagem em frente. Lá no alto, ali mesmo à mão de semear o castelo de Gil Pais. A tarde quente e bela, o sol ainda tocando morno a nossa pele...
Não percebo, ou percebo? Como há pessoas que gostam de ser infelizes e se vitimizam constantemente... Sou uma privilegiada. Não porque tenho tudo para ser feliz, mas porque tenho discernimento para escolher a coisa certa para roubar momentos à terra, ao tempo, ao sol para assim me sentir bem. A primavera é minha amiga. Traz-me esperança e luz...
Chega a hora de ir p'ra casa. Até porque quero cozinhar e ir andar a pé depois. A minha parceira das passeatas está fora, de férias, mas arranjei outra. Não que substitua pessoas como cuecas, mas é para andar, é para andar. Assim como assim até acho que estou menos bazaruca o que me agrada. Pudera, há mais de uma semana que me contenho, reprimo, castigo, tudo para ver se caibo na roupa, não me canso tanto e o espelho se torna mais meu amigo. Com a crise, nada como vestir o que está guardado e... não é pouco o que para aqui vai, que não lhe dou uso e até me esqueço que possuo. 
Entrei na loja da Ritinha e dela népias. Queria saber como vai pois ultimamente tem-se queixado demais e anda muito tristinha. Parece que foi de férias por uns dias. Diz que anda com uns problemas e por isso fazia-lhe bem mudar de ares. Quem disse foi o patrão que não abriu o jogo mas que me fez ler nas entrelinhas um caso de amor terminado. Ah! É isso. Como não percebi antes que o mal era de amores? A Rita é muito nova. Vivia com o namorado. Quantos namorados ainda vai ver partir...a quantos vai pôr com dona...
Comprei batatas, leite e pão de sementes e paguei 2 euros e tal. E fiquei surpreendida. Já ninguém gasta tão pouco nas compras. Cada vez que não gasto, ou gasto pouco fico feliz. Eu não era assim. Com a velhice chega tudo, até a avareza.
Ali na loja parece o jornal almonda. As novidades caem como tordos. A D. Vitória ainda está em Lisboa. Deu-lhe um AVC. Coitada da Dona Vitória! A senhora conhece-a, dizia-me o dono da loja do qual não  sei sequer o nome. - Ela está sempre aqui. 
- Sabes alguma coisa da Vitória? pergunta uma velhota com quem também me cruzo quase diariamente. Vê lá como esta gente é que até correu o boato que já tinha morrido, diz ela baixando a voz, não fosse a morte ouvir.
A Cristina, viúva do Alberto, que infelismente partiu cedo demais, por via de um acidente na A23 entre Alcanena e Torres Novas, chega com um sorriso a brilhar-lhe no rosto. 
- Tudo bem? Pergunta-me sem desmanchar o sorriso. Tudo, respondi-lhe. A vizinha do prédio da frente, com quem nunca troquei duas palavras, ouve-me responder e mira-me dos pés à cabeça. 
Ao sair esbarro na minha vizinha Xana que vem alvoraçada como sempre e falando alto com o miúdo com quem anda sempre. - Boa tarde vizinha. Sempre carregada.
 Vou a caminho de casa. 
Dona Pitanga aguardava o prato de comida. Dei-lhe paté de salmão, mais barato que o atum com gambas, a ver se ela caía e caiu. Não posso abusar da sorte. Mas enquanto come por 50 cêntimos não come por 1,09€.  Mexeu-me na gaveta da cómoda do corredor e conseguiu tirar um pijama. Não sei mas parece-me que está baralhada. Nem é domingo, nem ficou sozinha de noite nem passou muito tempo desde que a deixei de manhã.
O dia está no fim. Estou à porta de férias. Isso anima-me. E o sol também. E viver um dia de cada vez idem.
Hoje é dia do teatro. Pena é que no Virgínia não haja nada a assinalar o dia. Ou há?
Em noite de Benfica, tristezas não pagam dívidas, umas vezes ganha-se outras perde-se e eu se quiser até nem me ralo.

eu fui

foto tukayana.blogspot
Eu fui. E gostei.
Porque fui eu participar na Meia Maratona?
Não sei. O ano passado tive pena de não ter ido.
Os quilómetros não me assustavam, pois poucos mais são que aqueles que faço, aqui no ribatejo.
Apesar de andar, corro atrás do que me dá prazer e pode fazer-me bem. A festa que envolve estes eventos também me agrada. A curiosidade que provoca, idem. A companhia também, e depois, estar com 38 mil pessoas com o mesmo propósito é fascinante. 
Eu fui. Ponto. Final...
Ah, depois de cruzarmos a meta, deram-nos uma medalha, bananas ( ups, nem sonhar, que me provocam dores no estômago ) e gelados de maracujá ( muito bons ) e um saco cheio de água, leite, bebida energética e uma barra de cereais.
Ah, e se não fosse uma dorzita nos gémeos, estava já pronta para outra. 

segunda-feira, 26 de março de 2012

olha eu...


A noiva é a Ana Maria Martins, minha amiga de infância. Da Vila Alice. Filha dum amigo do meu  pai. 
Não fosse termos fugido para casa deles naquela tarde, dia feriado, quando os confrontos entre os movimentos armados se agudizaram ferozmente após a manhã sangrenta e tão assustadoramente barulhenta das rajadas e dos morteiros ali mesmo ao lado, parecia que estavam a fazer ricochete no prédio da pastelaria Gentil e nos iam entrar casa dentro, não na minha mas na da dona Rosa, mulher de um dos caçadores de pacaças e veados, meus vizinhos, onde eu me sentara numa cadeira da cozinha, assustada e conformada com a triste sorte e hoje não haveria ninguém para contar a história duma manhã, igual a tantas outras desse ano de 1975. 
Porque sô Santos achou por bem juntar-se a amigos, em lugar mais resguardado e eu teria ido para as alminhas sem saber ler nem escrever nas entrelinhas duma batalha que parecia visar a população da avenida brasil e da Vila Alice mais do que atingir outro propósito. Fizemos o que o sô Santos decidiu e passámos a tarde e a noite em casa da Ana Maria à espera que  os confrontos terminassem. Quando finalmente o silêncio se fez ouvir e se averiguou que tinha havido tréguas entre os dois movimentos armados que se confrontavam, verifiquei que no lugar onde estivera sentada havia um buraco provocado por um roquet sabe-se lá de quem, vindo sabe-se lá de onde. Escapei por uma unha negra e passados 36 anos mais coisa menos coisa aqui estou ainda a exorcizar isto. Mas não é sobre coisas tristes que quero falar.  Mas da foto.
Ontem, depois de alguém ter publicado no facebook num grupo de que sou membro,  a igreja  Nossa Senhora de Fátima, pertinho da Vila Alice e da minha casa, lugar de culto onde tive catequese, onde fiz as comunhões todas que há para fazer, onde vi casar imensa gente, onde joguei às pedrinhas nas escadas, onde há um santo negro num altar, onde o padre Apolinário era temido mais que respeitado e o padre Luís era querido de todos os que ali iam, onde paguei uma promessa de joelhos, diz a minha amiga Fatinha Garnacho, que também a cumpriu tal como eu,  não me lembro nada disso, mas pronto, se ela o diz eu acredito, tudo porque tivemos um momento de lucidez (?) e percebemos que podiamos chumbar por andarmos de bicicleta alugada ao sr. Arlindo dias a fio, enfim, a igreja que era como a minha casa num tu cá tu lá que só quando gostamos tratamos, então, depois de terem publicado a dita foto, e eu a ter visto, porque gosto  de comentar o que se publica, acho deprimente alguém publicar seja o que fôr do interesse de todos e não ter sequer um gosto, a verdade é que depois dela ter dito que casara naquela igreja, eu comentei dizendo que tinha ido ao seu casamento. Não acrescentava nada mas dizia-lhe que me lembrava. Foi então quando ela procurou as fotos do casamento e encontrou este exemplar,, raro, precioso para mim. 
Eu,  tal qual era com 19 anos. Um pouco armada em mete nojo, pois aquele cabelinho não era para todos os dias, mas pronto. Eu de amarelo. A fazer pandã com a sandaloca. Eu com 59 kgs, que até me invejo nesse tempo. Eu, ainda jovem, crédula, inocente e feliz...  
Se me tivesse saído o totoloto não teria ficado tão emocionada.
O encontro com o passado, comigo, com aquele tempo provocou-me uma alegria imensa e umas lágrimas. Não sei de quê...mas provocou. 
Obrigada Ana Maria. 

domingo, 25 de março de 2012

Hoje foi assim...

fotos tukayana.blogspot



jantar de sexta

foto tukayana.blogspot
Há muito tempo que tinha em mente participar num Alfama-te a 10.
Dez pessoas que obrigatoriamente não se conhecem entre si, reunidas à mesa para jantarem. 
Ouvia dizer a quem sabe, a quem organiza, que era giro. Interessante. Que as pessoas gostavam.
Eu gostei muito. Amei. Adorei!
Reunimo-nos no largo do Chafariz. E dali fomos para o Tejo Bar onde se realizou o jantar. Por entre escadas, ruinhas e vielas magníficas. Alfama é de facto o bairro dos bairros.
Este Alfama-te a 10 era para pessoas com mais de 50 anos. Havia então gente bonita com mais de 50. Gente interessante com mais de 50. Gente divertida, com mais de 50.
Um moçambicano, uma brasileira, ambos advogados, uma angolana que era eu, e os restantes, portugueses. Uma engenheira, uma reformada que recebeu a confirmação, o oficio, dando-lhe conta da sua passagem à reforma, um fadista  e outros.
Pela meia-noite, o bar abriu ao público e à semelhança da semana anterior foram chegando amadores de música que cantaram e tocaram temas italianos ( eles eram italianos ) houve poesia enquanto se bebia uma cerveja, o caso do declamador da fotografia, houve fado e por fim um grupo já habitual que cantam e toca blues e bossa nova.
Depois de uma noite linda, acabei num taxi às 3 da manhã conversando com o taxista até casa. Um romeno de 56 anos que diz gostar de viver em Portugal por ser um país tolerante. Não pude deixar de sorrir. Tinha acabado de ouvir a descrição da agressividade da polícia no dia anterior aquando da greve, sentindo-me envergonhada por viver num país a fingir, que trata mal os seus cidadãos...
Enfim, porque é do jantar que quero falar, adorei a idéia. O jantar.  As pessoas.  O espaço.
Parabéns Joana, Fred e Ângela

sábado, 24 de março de 2012

indignação


São pétalas, senhores, são pétalas...

Foi no canal da RTP Informação, não no tal (?) que é popularucho, piroso, sensasionalista e que só vê quem merece o país que tem, (?)  que vi  a notícia do dia de ontem, no Terreiro do Paço. 
O milagre das rosas, ups, o gesto dos Indignados para com a polícia, que não tinha  fome, pois essa se a teve na tarde da greve e da consequente manifestação, descarregou a sua carência no lombo de quem se lhe atravessou à frente ou teve a ousadia de mostrar que uma máquina fotográfica não é uma arma e por  isso de uma forma pouco equilibrada,  exerceu o poderzinho dos bastões e houve os que levaram com ele, fossem turistas, jornalistas, manifestantes, ou não.
Nem todos estamos, somos, Indignados.
Há muito filho de muita mãe, há muito filho de muita puta que não se indigna com o curso que o poder leva.
Ontem, vi, com estes olhinhos que andam cansados de ver tanto sacana, um Indignado, marcado pela força dos bastões, e meu senhores, cresceu em mim uma profunda e furiosa indignação, ou não fosse eu filha do transmontano e da beirã, não tivesse nascido em terras de áfrica e não tivesse parido criaturas a quem ensinei o caminho da indignação contra a mentira, a injustiça e a mediocridade.
Ontem, vi o resultado nefasto do poderzinho desesperado, nas marcas cobardamente deixadas na forma de hematomas no corpo dum Indignado. E indignei-me. 
Porque ainda me indigno e porque qualquer um pode ser vítima, seja filho de uma mãe maior ou menor. Basta estar no sítio errado ou não ser carneiro. Basta afinal, ter nascido.
Ouvi na primeira pessoa pela voz de um elemento do movimento os Indignados, pela voz de um homem/menino que está a fazer um doutoramento sério e notável, pela voz de um cidadão exemplar, a narrativa da grotesca carga dos elementos de autoridade (?). E vi. Vi as consequências dessa carga. E olhei o rosto, a postura, o sorriso e ouvi a voz calma desta pessoa com quem passei parte da noite em alegre cavaqueira e tive a certeza de que um Indignado pode ser um amigo, um filho, um vizinho, pode comer à mesma mesa que eu, beber um copo comigo, tornar-se notícia e provocar desdém, ira  e medo, nos que nos fazem cumprir a lei (?). 
Lei? Qual lei?
Oiço constantemente, ouvi ontem junto de mim, dizer-se com certa leviandade ou pelo menos com alguma ligeireza e papagueando outros, que este é o país que temos e merecemos.
É nestas alturas que me distancio completamente do ser portuguesa. Não que fuja com o rabo à seringa quando a coisa está preta mas porque sendo portuguesa/angolana não tenho nada a haver com isto, não me sinto responsável, nem contribuí para o actual estado da nação e sou das que não indo à luta, ainda me indigno e acho que nem todos merecem o país que têm neste momento.
Há algo que me orgulha. Tenho seguidores. Que têm amigos indignados e que não são filhos de uma mãe qualquer. São filhos da nação, que querem justa, livre e próspera.
Foram pétalas, senhores, foram pétalas...
Ainda assim, quero acreditar que não foram pétalas, ups, pérolas, a porcos, porque também eles, são filhos de muitas mães e despida a farda, o poderzinho, o medo e a vitimização, só não se questionarão se tiverem  sido inteligentemente manipulados pela máquina. E isso, não acredito. Acredito de caras na manipulação, Mas não na inteligência... 

sexta-feira, 23 de março de 2012

confissão

foto tukayana.blogspot
Preciso de um raio de sol
Duma flor silvestre
Duma brisa marinha
Preciso de um farol
Do azul celeste
Do voo da andorinha


Preciso mais que sonhar
Acordar
E olhar ao meu redor
Ouvir a tua voz
Sentir o teu amor
Acreditar em nós
E numa estrela cadente
Preciso de te amar
Preciso de me libertar...

m.c.s.

quinta-feira, 22 de março de 2012


Bolo sem ovos ( de Lourdes Lara )


Ingredientes:

250 gramas de açúcar
400 gramas de farinha
2.5 dl de leite
1 colher de sopa de margarina
1 pitada de sal
raspa de meio limão
1 colher de chá de fermento em pó (se não usar farinha com fermento)
2 colheres de chá de canela


Preparação:

Bate-se o açúcar com a manteiga derretida e o sal.
Junte depois metade da farinha, a raspa do limão, a canela, o leite e bata tudo muito bem.
Adicione depois o resto da farinha e o fermento em pó.
Coloca-se o preparado numa forma untada com manteiga e polvilhada com farinha e vai ao forno a uma temperatura de 200 graus durante aproximadamente uma hora. Teste com um palito para ver se o bolo está cozido. 

diário de uma grevista



Em dia de greve geral, o país ainda assim, vive, trabalha, descansa, reivindica...Não pára. Já eu, fiquei por casa. Não há como ficar em casa, quando é dia de trabalho para percebermos que esse não é o nosso lugar. O dia decorre indiferente a nós e eu pergunto-me como vai ser quando vier a reforma.
Um dia destes alguém me disse: não penses que não vais sentir-te deprimida, todos se sentem. E eu não me imaginei a deprimir porque deixei de subir o viaduto, deixei de apanhar o autocarro, a boleia, almocei uma sopa ou um batido em frente ao computador, deixei de atender o telefone: tribunal de Alcanena, bom dia...ou deixei todo aquele ritual diário ( porque apesar de diferente é sempre igual ) de horas a uma secretária trabalhando com papéis e pessoas. 
Não me imagino a deprimir porque não tenho de regressar ao Ribatejo ao domingo à noite ou porque estou a um passo do metro, de Lisboa, de amigos, das crias, do supermercado, da farmácia, do cabeleireiro, da papelaria, do talho,  dos jardins, dos cinemas, do mar, da liberdade... Em dia de greve, com o dia de trabalho que teria, a meio, não questiono a minha escolha. Respondi ao Luís M. quando me perguntou- Amanhã sou capaz de te dar boleia de novo se estiveres um pouco atrasada, porque não páro no viaduto, passo todos os dias por ti mas já vens aqui a meio...Amanhã, não, que vou fazer greve, respondi-lhe eu. 
O Luís M. é meu amigo de há muitos anos.  Tem mais de 300 anos que nos conhecemos. Sempre o conheci assim como é. Calmo, tranquilo, introspectivo, inteligente e artista. Hoje artista não do papel, do desenho, da poesia ou da banda desenhada apenas, mas dos dedos, da arte da reflexologia. Surpreendeu-se comigo e com a Manuela uma noite destas quando nos cruzámos e parámos, claro, para trocarmos dois dedos de conversa. - Todos as noites? Sete quilómetros? Isso é bom. Muito bom. Tu também?  Parecendo que duvidava desse meu querer andar a pé ao fim da tarde com método e alegria. - Claro que eu, sim. Ontem, voltou a convencer-se: depois de subires 600 metros de viaduto, ainda vais até ao colégio Santa Maria? Desde a tua casa até lá são para aí uns dois quilómetros ou mais. Andas muito. Muito bom. E à noite vais andar de novo. Óptimo...
Será que tenho cara de quem não se levanta do sofá para nada e se muda do sofá para a cama? O Luís M. anda a pé desde que me lembro dele na cidade. Tem hábitos saudáveis. Uma vida regrada. É uma boa pessoa. Daquelas pessoas que a gente pergunta: Que segredos esconderá? Não lhe conheço os defeitos. Já não há gente assim. Em dia de greve, pouco faço em casa. Não deveria estar aqui. Porque o meu lugar é a trabalhar, não fosse a greve. Resolvo que é um dia bom para a dieta. Não muito convencida, bebo o batido  pelas 9 da manhã. Faço um jarro de água com beringela e limão e vou bebendo ao longo da manhã.  Acho-me piada. Exagero que eu sei lá mas dá-me a veneta e transformo o meu dia de greve ao trabalho num dia de greve à comida que me cresce as formas e nada acrescenta à minha saúde. Hesito entre uma sopa,  um queijo fresco, ou o batido de novo, desta feita acompanhado de ananás. Escolho o último. Fervo as cascas do ananás para chá. Estendo uma máquina de roupa que a dita lavou. Enquanto isso olho a escola. Poucos miúdos, em dia de greve. Muito, muito a meio gás. 
No jardim em frente, sentados num banco, a Xana, mãe das 3 pestes aqui do lado. Está com mais duas criaturas. A Xana tem um Café no prédio ao lado. Não deve ter clientes e senta-se com os amigos. 
Ontem, quando vinha da loja da Rita que estava muito aborrecida e adoentada, farta da loja e do dia, assim mo confessou, cruzei-me com a Xana que ia a entrar. Aparece sempre que estou às compras. Riu-se e disse-me: Olá vizinha ( não deve saber o meu nome ) sempre carregada, sempre carregada... dei-me conta assim, que não sei andar folgada e de mãos a abanar, e portanto ponho-me a jeito para procurar sarna para me coçar ou lenha para me queimar. 
E foi também por isso que do nada (?) ontem,  passei o dia entre ais e uis, cheia de dores na omoplata, braço e pescoço que até vi jeitos de não poder fazer a minha caminhada, domingo, em Lisboa. E o pior é que já paguei a inscrição. Tenho p'ra mim que de costas ou de barriga hei-de atravessar a ponte...
Quem está feliz que só lhe falta bater palmas e dizer-me - Dá cá mais cinco, é a dona Pitanga que tem pedido colo todo o santo e repousado dia, mas não satisfeita, pede comida  olha-me como se me adorasse.
Em dia de greve, tudo acontece um pouco ao sabor da corrente. Mais logo vou ter de sair. E subir o viaduto. É já a minha sina e disso não me queixo. Assim como assim, são 600 metros, segundo o Luís M., e se ele o diz eu acredito. Só de viaduto andarei 1.200 metros mais cerca de 2 kms para cada lado, portanto,  mesmo que não vá andar à noite terei a minha conta de exercício. 
Amanhã, será outro dia. E partirei para fim de semana. Ufa! E que fim de semana...

cachupa rica

Da cozinha tradicional de Cabo Verde

Cachupa Rica! Delícia...assim você me mata;) diz Lourdes Lara, uma angolana minha amiga, no seu grupo Em tempo de Crise...

Ingredientes:

500g de frango
500g de carne de vaca de cozer
1 pé de porco
1 chouriço
1 morcela
1 farinheira
150g de toucinho
100g de banha
2 cebolas
3 dentes de alho
1 folha de louro
1 l de água, aproximadamente
0,5 l de milho
3 dl de feijão-pedra
3 dl de favona
4 folhas de couve portuguesa
300 g de batata doce
200g de abóbora
300 g de banana verde
1 ramo de salsa
sal e piripiri

Preparação:

Demolha-se o feijão e o milho. No dia seguinte, cozem-se. À parte, cozem-se as carnes e o toucinho. Noutro tacho cozem-se também as folhas da couve cortadas aos bocados, a abóbora em cubos e a banana às rodelas grossas. Leva-se um tacho ao lume com a banha, as cebolas e os dentes de alhos picados, a folha de louro e o ramo de salsa.
Logo que a cebola comece a ficar mole, misturam-se as carnes desossadas e cortadas ao bocados, e as hortaliças, tempera-se com piripiri e adiciona-se a água da cozedura das carnes e a água simples (para não ficar um caldo muito forte). Ferve um bocadinho em lume brando, para apurar.
 

quando eu voltar




Quando eu voltar
Vou despida de vaidades
Sem bagagem 

Nem idade
Nem passado na bagajeira
Não levo cartas na manga
Nem macaquinhos no sotão
Nem truques na algibeira


Quando eu voltar
Vou despida de vaidades...
Levo somente verdades
Beijos, abraços, sorrisos
Sonhos para espalhar
Nessa terra d'além mar
E tempo
Muito tempo


Para ressuscitar...

Viver

Reviver
Perdoar
Ficar...

m.c.s.



culpa da crise?


Verifico que em cada localidade, grande como Lisboa, média como Coimbra, pequena como Torres Novas, cada vez mais abrem salões de beleza. E não vejo fechar. 
Há outra nova loja, que apareceu recentemente que é a de compra e venda de ouro. 
O fenómeno será o mesmo?
Culpa da crise?
O que fará uma esteticista, cabeleireira, maquilhadora, manicure, abrir um espaço quando não há dinheiro para o supérfluo? Gostava de perceber...  

para embelezar as suas unhas

A nova linha de vernizes da Pipoca Mais Doce - Encontra no Bazzar - No Chiado. Visite a loja. 

um lugar a visitar








Fotos tukayana.blogspot
Tejo Bar, em Alfama . Após as 23,30horas e pela noite fora. Ambiente *****.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Beach Boys - Good Vibrations

dia Mundial da Poesia


voo

Voo
No voo do albatroz
Da gaivota bonita
Da negra andorinha
Voo
Nem que seja
Na asa da joaninha...
Da borboleta multicor
Pintada na tua tela
Esquecida de poisar
Na minha janela
Voo
Qual tapete indiano
Vassoura da bruxa má
Que povoa as estórias
Nas notas de uma canção
Do baú das memórias
Com asas da imaginação
Voo
Porque apenas sei voar
Correr mundo a sonhar
Partir num minuto
E voltar
Acordar
A voar
A sonhar, eternamente, sonhar...


m.c.s.

um dia

Se te penso, alegria
Se te invoco, nostalgia
Bipolar
Esta forma estranha de amar
Acordo-te
Adormeço-te
Adormeço-me
Se te escrevo, poesia
Se te sonho, és magia
Intensa
Esta forma de te esperar
Viver a sucumbir e ressuscitar
Se me olhas
Se me abraças
Se me acolhes e me devolves a ti
Em mim...
Um dia o tempo falará
Mais que as palavras que te direi
Que me dirás...
Quando o tempo chamar
Saberei
Quando o tempo quiser
Será hora de partir
De te ter
De te ver
De me ver a sorrir

m.c.s.

terça-feira, 20 de março de 2012

David Fonseca sings "Lover, You Should've Come Over" by Jeff Buckley (fe...

pirolitos

foto tukayana.blogspot
Não queria acreditar. Ali, numa esquina que dobrei. Uma mulher vendendo-os. Os pirolitos do meu imaginário.
Perguntei o preço. Baratinhos. Cinco dos grandes, 1 euro. Bem sei que é açúcar. Em caramelo.
Em ponto de rebuçado fiquei eu. E com a lágrima no canto do olho.
Há quase 40 anos que não via pirolitos. Ocorre-me que sendo artesanal também se vendem nas ruas de Guimarães, tal como em Luanda. Na Luanda de outros tempos. Que hoje já não conseguimos encontrar estes torrões de açúcar caramelizado.
Os homens, rapazes ainda, corriam a cidade vendendo-os numas estruturas de madeira, com bases redondas e  furinhos onde eles se enfiavam. Às cores. Vermelhos, verdes, azuis, amarelos. Enrolados em papel celofane. Todo o ano quer fizesse calor quer cacimbasse.
Em Guimarães, apenas na Quaresma se vendem. São tradição.
E segundo a senhora da fotografia, quando se finar deixa de haver tradição pois é ela a única que ainda os faz.
- As minhas filhas não querem saber. Só se for a minha nora.
- Posso tirar fotografias?
- Claro menina ( que bom que é ser chamada de menina ). Então não havia de poder? Vai fazer propaganda o que é bom p'ra mim.
Os pirolitos da foto do meio não foram feitos por esta mulher que se intitula dona absoluta da ideia e do trabalho. Também a outra diz ter exclusividade. Comprei dos dois. No fundo no fundo, tudo são pirolitos. E a verdade é que a minha descoberta me deu uma enorme alegria. Não se vêm pirolitos todos os dias. Eu já não os via há quase quarenta anos!

  

chegou a primavera

foto tukayana.blogspot
Cheira a Primavera. Sol! Cor! Vontade de viver.
Sabrinas vermelhas, blusa vermelha às bolinhas brancas.
E uma vontade imensa de ver florir todos os sonhos. Persegui-los.
Concretizá-los...
Chegou a primavera!  Hoje. E eu fiz jus à nova estação.
Na cor que mais gosto. Vermelho.
Ou encarnado, como dizem as tias de cascais.
Daqui para a frente o tempo já não volta atrás.
Vamos então viver, a, e na, primavera, com alegria.