terça-feira, 26 de outubro de 2010

confissão

Mea culpa, mea culpa...Meo, desculpa!
A treta que as desculpas não se pedem, mas evitam-se, é mesmo uma treta grande de gente que gosta de usar chavões e julga que fala bonito só porque repete que nem papagaio, o que ouviu num algures distante ou passado à pouco.
Sim, sim, sei que estou a encanar a perna à rã. A vocês não vos peço desculpas, mas lá chegarei provavelmente, porque não sou de achar que desta água não beberei. Ai bebo, bebo, como qualquer mortal e engano-me e acuso e xingo e peco como toda a gente.
Calma, não vos estou a querer dar música. Até porque ultimamente ando com voz de cana rachada e até vou recorrer a uma kamba doutora para me queixar no fim de semana. Dá mais segurança, parece que amiga médica não nos pode dizer que o que temos é grave. Percebem né? Ando cheia de cagunfa.
Lá estou eu a escapar por entre os pingos da chuva, mas pronto, não dá mais e o que tem de ser tem muita força. Até porque ontem tentei aqui deixar uma confissão e se tivesse conseguido já hoje estava perdoada porque teria rezado o meu acto de contrição, e tudo o que fosse preciso para ficar livre de pecado, mas, tinha tanto sono, mas tanto sono, como quando estava para parir a minha filha, eu uma miúda de 27 anos, apavorada com a idéia de parir, que já no hospital prontinha para o efeito e só queria era dormir. Não! Que eu desconfiava que não eram peras doces...mas voltando à noite de ontem, eu escrevi tudo direitinho, aliviei a vergonha que sentia, o peso da culpa etc, etc, e quando ia para guardar não sei que voltas dei, que perdi o texto. Até me apeteceu chorar, mas como me apetecia mais dormir, foi o que fiz. Quando estava prontinha para cair nos braços de Morfeu, pensavam que era que braços? Morfeu mesmo e só, eis senão quando, dei comigo aliviada de ter perdido a conversa escrita que tinha estado a ter convosco, porque era um texto tão pesado, tão cheio de culpa que parecia um cão carregada de pancada e eu não gosto nem de pancada nem de parecer cão. E como há males que vêm por bem, estou para este texto como os meus kanukos estavam para mim quando eram candengues e faziam asneira. Telefonavam logo. Quando eu chegasse a casa já estava digerida a asneira e era só ganho, para eles. Assim estava eu.
Pronto, agora é que não dá mais para escapar e vou dizer aqui e agora que eu pecadora me confesso que O Meo não foi culpado da semana sem televisão. Pois...é isso mesmo. Lamento não ser perfeita. Nem calma. Nem esperta.
Agora vou fazer o que toda a gente faz. Até porque não sou especial. Faço parte da estatística.
Vou desculpar a minha atitude agressiva, precipitada e um tanto malcriada com a PT, na pessoa de alguns dos seus administrativos e técnicos.
Sou vaidosa. Gosto de olhar o espelho. Olhar-me. Nos meus olhos. Mas gosto bem mais de olhar olhos nos olhos de qualquer pessoa e não pestanejar sequer. Não baixar os olhos nunca. E se acaso o fizer será por vergonha que ainda vou tendo.
Vou desculpar-me dizendo que vivo sozinha com a D. Pitanga. E não percebo nada de electricidade. E de outras coisas, muitas, também. Demais. E que se a caçula estivesse cá em casa estava garantida e isto não teria acontecido. Que não sei do que é que ela não percebe. Não sei porque não chamei um homem cá a casa. Bem entendido que homem homem teria que perceber de electricidade, assim como o mano Zé ou o amigo Zé Manel. Não tive os deuses a meu favor verdade seja dita. Estiquei o dedo acusador e precipitado e desanquei na incompetência das criaturas da PT e Meo, incompetência essa que apregooei aos quatro ventos. Pûs em causa o trabalho do Bruno, rapazinho bonito e afável que a minha Pitanga quis seduzir assim que entrou em casa e que simpaticamente me transportou na carrinha da PT para Alcanena para o meu emprego. Não se faz, o que eu fiz. Tinha que ir ver ao quadro, mas qual quadro???, e eu sei lá ver isso com as cinco oitavas no lugar?! E saber que há fases diferentes e que posso ter luz na sala e não ter nos quartos e por aí adiante. Eu ainda hoje troco os nomes às tomadas e chamo-as de fichas e vice-versa!...
Sabem o que é que eu acho? Quando a gente vive com um homem anos a fio, devia ser proibido ele sair sem antes dar um curso de canalizador, electricista, pintor, pedreiro. Enquando estão, a gente pergunta o que é, como se faz e a resposta invariavelmente, é: Eu faço. E parece que são as melhores pessoas do mundo. Fazem tudo, pois claro. Mas não ensinam nada.
mas não me quero limpar com desculpas esfarrapadas.
Eu errei. A PT portou-se muito mal comigo. A Meo falhou durante mais de dois meses. Acusei e tinha razão. Nesta última semana com a televisão, que não vi, eles não foram os culpados.
O que aconteceu foi que durante o fim de semana, terá disparado o quadro. Aquela fase não funcionava e deixei de ter televisão no quarto. E na sala. A box do quarto tem um cartão. E por isso a mensagem na da sala. Desconfiei da minha falta de inteligência, e resolvi comprar uma ficha tripla ( só há pouco tempo sei o que isso é ), porque podia ser disso, achei eu. Uma colega sugeriu que visse o quadro. E fez-se luz. E televisão. Quando o Bruno me tocou à campainha se tivesse um buraco enfiava-me nele. Em vez disso encarei-o, pedi-lhe muitas desculpas e ficamos assim a a apertar as mãos numa na paz do senhor. E ainda me disse que quando tivesse algum problema lhe ligasse que ele viria.
Ufa! Já estou mais aliviadinha.
Não podia ficar bem com a minha consciência se não viesse aqui dar-vos conta do que aconteceu.
Preciso dela leve para levar por diante a minha vidinha sem grandes pesos, até porque tenho duas hérnias discais e tenho um medo que me pélo de ser operada...

2 comentários:

maria disse...

Apreciei esta confissão. É assim mesmo Clarinha. Nem outra coisa seria de esperar.

José Carlos Moutinho disse...

Maravilha esta crónica, que eu conheci!!!!
És fantástica.