Já o sol ia alto quando experimentei " as minhas cruzes ". Muito voltaren, porque não é fácil passar por isto assim só com palavrinhas mansas e caldinhos de galinha.
Acordei muito melhor. Já não ando aos ais pela casa ou outras interjeições menos próprias. Nem evito a Pitanga que caminha ao meu lado ou fazendo piruetas em frente aos meus pés e sujeitando-me a que tropece ou caia e isso seria trágico, dado o meu estado.
E ontem, até saí. Com muitas dores, mas fui cumprir o domingo que é dia de descanso e de lazer.
A caçula veio passar o dia e claro que tinha de a acompanhar, mas foi assim numa de " se te apanho, se te agarro, se te apanho, se te agarro " porque quando me acontece esta limitação nos movimentos físicos, fico coxa. Ao nível da anca, passa-se qualquer contracção que me entorta e vejo-me fisicamente desviada no equilíbrio necessário para andar.
A p.d.i é uma coisa tramada e eu já sou senior.
Só nestas alturas percebo que me movimento muito. Ele é moedas que caiem e tenho que as apanhar. Ele é comandos de televisão,e de ar condicionado. Garfos, escovas de cabelo ...
Ele é uma tosse que mexe com todos os músculos e que me provoca dores, sendo que, espirros são proibidos, porque tenho memória recente de ir parar ao hospital, devido a um cínico de um espirro.
Ele é até para me vestir. E calçar? Sandálias para atar no tornozelo...Nem pensar. E pentear? E virar na cama? E levantar de repente e assustada devido a um pesadelo? E descer escadas do metro a correr para o apanhar? Nem sonhar. Sentar e trocar a perna? Para esquecer. Subir caminhos íngremes? Só para amanhã. Esperar em pé uns minutos ( largos ) que a caçula chegue, ali no Saldanha, para irmos bora lá para o Osaka para a nossa sushizada? Um pesadelo.
E nas actividades de dona de casa...os electrodomésticos que estão arrumados em locais pouco acessíveis a coxos e aleijados? E a máquina de lavar louça? Termos que tirá-la e arrumá-la? Impossível. E tirar a roupa da máquina? Ufa! E fazer a cama...Jesus Maria que se acabam as consciências pesadas da cama por fazer, do pó por limpar, do tapete por aspirar. Que se lixe!...Alguém assim, consegue? Eh pá, venham cá a casa fazer-me uma faxina, que eu preciso mesmo.
Há males que vêm por bem e o melhor é tirar partido de algumas maleitas, não graves, mas demoradas na resolução. E sendo assim, porque temos o pretexto da doença, não fazemos népia. Mas também não aparece nada feito. Temos de comprar ou encolher os ombros.
E na rua... para nos deslocarmos na capital? Aka, que bom que é deixarmos de andar com a indigência aos fim de semana e passarmos a ter motorista só para nós.
Que no caso e porque eu devo ter alguma coisa com taxistas, porque são muitos os episódios para contar que envolvem os ditos cujos e a mim, ontem depois de " despachar " a caçula no comboio para a parvalheira, entrei num taxi em frente ao Vasco da Gama e disse ao senhor que queria vir para o Olival Basto. O dito, olhou-me espantadíssimo: Olival Basto? Eu transportei a senhora e uma menina, ontem, não foi? E agora, eu, saber se foi. De facto apanhámos taxi naquele local. São para lá de muitos, os taxis parados naquele lugar. Sempre. A nossa preocupação era a Pitanga que chorava desalmadamente por ter feito xixi e não haver espaço limpo e seco para se espojar . Quando o senhor chegou à minha rua teve o mesmo gesto do dia anterior e... Meeeeeeeedo! Percebi que era de facto o mesmo taxista.
E não gostam que eu diga que isto é uma ervilha, há quem diga que é um penico, eu fico-me pela ervilha, mas que é, é. Como é que me cai na sopa a mesma criatura? Mistério.
Bem, mas o que me interessa mesmo é que acordei francamente melhor, apesar de ter andado mais de 2 horas no Jardim Zoológico com a caçula. Só o ar de felicidade dela!... valeu por tudo.
Hoje, não me mexo do sofá. Estou numa de televisão e computador. Numa de piroseira absoluta. Tenho umas certas saudades da pimbalhada.
E não me importo que se saiba que vou " papar " todos os programas pirosos e popularuchos que as nossas estações televisivas apresentam diariamente. Goucha, Rita Ferro Rodrigues, já foram com os cães, agora de tarde, acho que é a Júlia Pinheiro e à noite vou pôr em dia as telenovelas da TVI. Com um intervaleco jeitoso, para os Prós e Contras, evidentemente...
Se me canso? Claro que canso e o que é que posso fazer? Antes cansada e sentada, que cansada e ter que andar para aí ao deus dará. Que no caso haveria de dar muito pouco, porque coxa não vou lá.
Tenho comigo aqui ao meu lado o livro do Mia Couto, o último vôo do flamingo, vou começá-lo. Parece que o filme é francamente mau, opiniões, claro; irá estrear para a semana, mas eu quero ver. E o facto de não ser bom não tem a ver com o livro, pois a história é boa. Foi o que me transmitiram.
Não farei pipocas, porque estou proibida, não dos médicos, mas por mim, de mexer uma palha que seja. Logo, hoje está decidido e meio cumprido, porque o dia vai a meio que passarei apenas a iougurtes, leite de soja, água, chá verde e fruta. Ah, o mais importante, batidos de herbalife. E passarei muitíssimo melhor do que quando como uma feijoada como aconteceu um dia destes no mano Zé. Ele que me perdoe, mas os enchidos trabalham no meu estômago e vesícula muito mais do que eu o quero fazer aqui em casa.
O sol do meu amanhecer, ali por cima do monte que me separa do Lumiar, já vai alto. Não quero saber disso para nada. Hoje estou por conta do destino mais do que nunca. Espero que por muito boa conta. A menos que alguém me arranque de casa assim com um convite fantástico, o que duvido. Já não há quem tenha esse dom...nem quem queira andar ao lado duma coxa. Num, se te apanho se te agarro...
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
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1 comentário:
Que pena só ter lido agora este post. Irias ver quem é que te fazia o convite para vires coxear para o mundo cá fora.
Fica para a próxima, ok?
Beijos e as tuas melhoras.
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