Hoje é dia de " estar com a macaca ". Sei lá, ser assim solidária com a pobre da bichinha. E antever-me já atrás das grades que me separam da " vida mulata " que tenho levado.
Mas até eu estou decepcionada comigo. Tinha preparado um cacho de bananas, um saco de ginguba e outros acepipes para compensar a macaca e afinal, não. E abandonei a idéia do lenço para limpar as lágrimas. Macaca que é macaca, não chora.
Não me reconheço, essa é a verdade. Tranquila, como dizem os emigrantes em França. Nem parece que é domingo. Que é o fim das férias. E muito menos que estou com um pé cá e outro lá, naquele lugar onde me têm comido a carne mas nem por isso quero que me roam os ossos.
Depois de uma semana que nem sei dizer se correu bem ou mal, ou sei, correu, e o importante é que corra, despeço-me calmamente e sem fantasmas.
Há uma decisão que pesa. E muito. Sabem como os putos fazem à noite? Joãozinho, já para a cama. Oh Mami só mais um bocadinho, please! Ah pois é. Eu também adiei o meu regresso para amanhã. Please, please mano Zé, podes ir buscar-me ao comboio? E levares-me a casa p'ra deixar a Pitanga? E levares-me para a casa da Justiça? Logo ao raiar do dia? Que nem vou dormir nada, mas pronto? Este prazer de ficar ao domingo à noite no Olival, a fingir que vivo mesmo aqui? E que não preciso de ir embora?
E o mano Zé disse que sim. Eu tenho um mano Zé que vale uma fortuna.
Quero o domingo todo para mim. Este pedaço de dia que resta. Os programas de televisão que se iniciam hoje, pois então. O Idolos e outro que me falaram que é uma espécie de Big Brother . Eu não quero nada transcendente. Só me quero divertir. Rir, que tristezaas não pagam as ditas de que o país está cheio. E nós, consequentemente. Eu só quero ser feliz.
E daqui a pouco vou às Amoreiras. Procurar uma roupagem para um casamento. Ainda há quem se case. E seja feliz. E tenha muitos meninos...
As Amoreiras levam-me a pensar em vips e figuras públicas. Há quem vá às Amoreiras só para chegar perto destas figuras que por lá se passeiam, sobretudo aos domingos de manhã, e fazer assim figuras tristes. Eu vou porque lá há algumas lojas com modelitos de cerimónia.
Figuras, figuras fazem as mulheres ( as tias ) que frequentam o El Corte Inglês, outro lugar chiquérrimo, do tipo condomínio fechado. Onde eu e umas poucas entramos.
Elas, as tias, que assinaram contrato vitalício com o lugar, mas não com as pessoas com quem andam de tiracolo, têm olhos até à nuca. Já nós passámos e elas ainda nos seguem o rasto. Temos que fazer figas. Com os dedos das duas mãos. E se ficarmos com aquela dor de cabeça que provoca alguns enjoos e sono, não é gravidez, ( na minha idade só milagre e Deus tem mais que fazer ), certo e sabido que foi mau olhado dessas mal amadas. Está bem que se perguntem o que é que eu, ou outra como eu, muitas como eu, pindéricas, ali estamos a fazer. E eu, juro-vos, penso baixinho cada vez com menos paciência e um dia destes apanham-me com a macaca à séria e sai alto, assim alto de envergonhar quem estiver comigo: calma mulheres, conforme entrei assim vou sair, de mãos a abanar, não levo nada que não seja meu. E depois, o melhor, é comprarem uma trela ok?
Eu quase que não olho para os anexos destas criaturas, mas diabo, uma mulher não é de ferro, nem cega. E pode descansar as vistas uma vez por outra que andam muito cansadas de ver tanto sacana. E até vos digo, nem é o caso. Nem estou a falar por mim, porque muito sinceramente, cadê? cadê? Como diz uma amiga minha, já nem há, são todos de plástico. E eu até só vou ao Corte Inglês, imaginem, por causa das laranjas do supermercado, que são uma coisa boa que a gente come, essas sim, melhor, muito melhor que as amargas das tias e os bacilentos dos anexos, e por causa da padaria que é excelente, das oportunidades do piso -2, do piso dos perfumes e do cinema. As salas são óptimas. De vez em quando também gosto da sala do restaurante, lá em cima. Acho piada àquele ritual dos empregados a fazerem gestos uns aos outros, comunicando, que parece que mandam beijinhos, uma coisa até muito abichanada, que não é para homens de barba rija como aqueles e contaram-me que parece que é um procedimento muito antigo das casas de restauração da Lisboa de outros tempos, recuperado por este restaurante pretencioso.
Bem, como não estou com a macaca, vou apanhar o metro a caminho do consumismo. Mas não tenho intenções de me ferrar. Só que não seja ferrada, já eu fico bem. O que é preciso é escapar por entre os pingos da chuva.
Resto de bom domingo para todos. Que eu vou fazer-me à vida como se estivesse de férias.
É pouco bom, é!
domingo, 12 de setembro de 2010
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