sexta-feira, 17 de setembro de 2010

mito?!

Ao balcão, uma mulher morena de rosto marcado, e com um ar simpático. Sorriu, cumprimentou e disse que queria dois registos criminais. A Mena, preparou-se para a atender. Perguntou a finalidade. Visto em passaporte para um, emprego no estrangeiro, para outro. Ambos para entregar no Consulado. Disse-o sorrindo e olhando para mim. Acrescentando - para Angola.
Sabia que a conhecia de algum lado. É aquele tipo de pessoa que a gente não esquece.
- Eu conheço-a mas não sei de onde, disse-lhe.
Daqui. Tirou-me o registo criminal , e estivemos a conversar sobre Luanda. Nasceu lá não foi?
Fiquei com a idéia que foi há muito tempo que ela estivera ali.. Antes de ter voltado a Luanda em 2008.
Disse-lhe que ia voltar. Para sempre? perguntou.
Como se fosse simples. Como se fosse óbvio. Como se fosse o meu destino. Como se lhe tivesse dito que é o meu sonho maior.
Disse-me que veio em Junho. Volta para outra empresa. Desta feita, para Benguela.
Que gosta de África. Que gosta dos angolanos. Da terra. Do clima.
Que África tem um mistério qualquer que nos prende. E que nos deixa ir ficando...
Gostei de vê-la. E de ouvi-la. É uma mulher com cerca de 30 anos. Portuguesa. Desta leva. O que a fez ir para Angola foi o emprego e o espírito aventureiro. Só.
E foi conquistada. E está rendida.
Há pouco tempo atrás alguém me dizia que essa coisa do feitiço por Angola, que os angolanos, os portugueses que lá viveram e vivem, os tropas que estiveram na guerra colonial, todos apregoam, essa magia e esse encanto, era um mito.
Não concordo, evidentemente. É antes uma coisa grandiosa.
Angola já se entranhou nesta mulher do registo criminal e ela não tinha laços nenhuns a África.
Mito? Não. Chão, terra, cheiro, sentidos. Entranhas. Alma.
Um lugar divino, onde Deus habita.

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