terça-feira, 14 de setembro de 2010

gorda porque sim e porque não

Tive um lanche do mais alarve que existe, de comemoração de aniversário de uma colega que por acaso é minha xará. A 1ª vez na vida que me acontece, trabalhar ao lado de alguém com o meu nome, o que, vou dizer-vos, é um pouco inquietante. Clara, isto e aquilo. E eu olho e afinal não é comigo. Clara porque isto e porque aquilo e eu não olho e afinal é comigo. E quando pergunto, que foi? E me dizem: Não é contigo, é com a outra. Eh pá, caio em mim... afinal há outra. Sukuama, isso é que é tramado... não, e o pior é que já atendi por duas vezes alguém que me pediu para falar com a Clara Silva e eu com a maior cara de pau disse: Silva não, Santos, ou Silva não, Marques, ( este às vezes distraio-me e digo ) e a pessoa com toda a razão diz-me: Silva, minha senhora. Este minha senhora soa-me àquele Minha Senhora que os políticos disparam contas as jornalistas quando estão a ser entrevistados e não lhes agrada a insistência ou a suspeição. Oh minha senhora! E isto soa a Oh grandessíssima p...
Nunca deram por isso? Se calhar é porque não têm jornalistas assim a tratar por tu.
Bem, mas então, quando a pessoa está já a espumar de raiva, percebo tristemente que não sou a única. Existe outra. Que chegou há pouco tempo. Mas está. Como eu. E reduzo-me à minha insignificância, o que por vezes também não é mau.
Mas tudo isto para dizer que não se deviam comemorar aniversários com comida. Devia fazer-se, sei lá um passeio a pé, em grupo." Onde é que vão? Não vamos, estamos no aniversário da Clara Silva". Ou uma sessão fotográfica. Mostrávamos as fotos depois. " Onde foi? No aniversário da Clara Silva." Ou ainda uma ida ao cinema. " Que vão fazer? Vamos comemorar o aniversário da Clara Silva." E nada de patuscadas.
Porque, depois de comer várias espécies de queijo, presunto, paio, batatas fritas com sabor a presunto ( eu que não gosto de batatas crocantes ), e outros, não tendo escapado sequer o bolo brigadeiro, apre, xiça, penico, estou que nem posso. A caminho do autocarro gritei em silêncios ecoados por todo o cérebro que: A-C-A-B-O-U!
Macacos me mordam se não acabou.
Ontem, um colega, aquele que se péla por um bitoque, entra em delírio com espetada de lulas, ou tem pensamentos pecaminosos com uma tarte de alfarroba, depois de me perguntar o que é que tinha e eu lhe ter repondido que estava com azia, disse-me:
Há uma pastilhas que se chupam muito boas. Esta férias engordei uma mão cheia ( assim mesmo ) de quilos e era o que chupava. Não lhe estou a chamar gorda, bem entendido.
Muito bem entendido. Isto não li nas entrelinhas. Eram carris, as linhas de comboio com que me brindou. E só estava a chamar-me gorda sim senhora que eu de burra tenho pouco.
Ora eu...tenho lá necessidade disto? Vindo de alguém que cai de quatro por um bitoque?
Ou de andar na rua sem olhar para as montras espelhadas? Esconder-me debaixo de túnicas largas? E de vestes pretas?
Mas afinal, vamos cá a saber, porque como eu?
Como porque choro. A seguir, choro porque como.

Como de ansiedade. A ansiedade faz-me comer.
Como porque partem. Como porque chegam.
Como porque estou triste. Como porque comemoro.
Como porque estou sozinha. Como de companhia.
Como o que há. Como porque sim.
E porque não.
Porque como? Sim, porque como, eu?!
Nãnãnã. A partir de hoje, não é de amanhã, a partir de hoje, acabaram-se as comezainas.
E mais. Vou passar a fazer os meus seis quilómetros diários, dando a volta a torres novas a partir da minha casa, numa volta preparada para pedestres, que abandonei porque, ah e tal e coiso porque anda e porque deixa, que está sol e que faz chuva e não me querem acompanhar.
Quem quiser que se negue, eu vou mesmo. Passei a tarde toda a pensar nisso. Que tenho de recomeçar e tem de ser já, antes que se faça tarde.
Daqui por três meses, tiro uma fotografia e venho aqui deixá-la. Palavra de Maria Clara das Dores.

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