terça-feira, 21 de dezembro de 2010

prendas

Adoro presentes.
O prazer de receber.
O embrulho bonitinho. Com o laço dourado. Ou um sininho. Ou uma estrela.
Há uns dias e directamente de Jerusalém chegou-me um terço em madeira escura. Lindo.
E lama do Mar Negro para massagem. E um azulejo pintado à mão.
Hoje recebi um presente embrulhado com muita arte. Não o abri. Vai para a árvore de Natal.
Há muitos, muitos anos, em vésperas de Natal a minha curiosidade era tanta que queria descobrir o que o tal pai natal caseiro me tinha reservado. Segui os passos da mãe, tentei ler nas entrelinhas da prosa do pai e cheguei à mala pesadona que estava no quarto dos pais.
Cheguei à fala com a mesma. E descobri dois tecidos para mandar fazer vestidos. O pai ia aos armazéns do Minho ou ao Quintas e Irmão e comprava os tais cortes para a modista fazer vestidos.
E não consegui descobrir mais nada. Nesse ano, no sapatinho que ficava em cima do fogão, na cozinha, tive de presente os dois cortes de tecido, uma boneca e um fogão de brincar, em alumínio. A velha mania preconceituosa de acharem que de pequenino é que se torce o pepino e por isso dando-me idéias àcerca da cozinha, no intuito de me transformarem numa doméstica convicta, ou numa cozinheira de sucesso.
Não sei porque raio me lembrei disto agora...
Talvez porque tenha saudades de ser uma das pessoas mais novas da mesa de Natal. Mais novo que eu, só o mano Zé.
Este ano serei a pessoa mais velha da mesa. E não acho a menor graça a esse facto. Mas continuo a adorar as prendas que se abrem à meia-noite em casa do mano Zé. Na minha casa é só na manhã de vinte cinco. Como antigamente. Para manter a tradição. Embora eu saiba que a tradição já não é o que era. Hoje, pai natal algum oferece cortes de tecido. Já nem há modistas. E os vestidos oferecem-se já confecionados. E ainda bem...

1 comentário:

são branca disse...

Cá em casa ainda se põem os sapatos na chaminé e os presentes, escondidos até então, são lá depositados durante a noite e abertos no dia 25 de manhã. É uma excitação!!! Já não há cortes de vestido no sapatinho mas ainda há meia dúzia de dias comprei uns poucos de cortes de calças, a que a minha querida Etelvina, não tarda nada há-de dar vida. E é fantástico ir aos Bispos, à Parede, e aconselhar com o Sr Bispo as medidas, os tecidos mais adequados e mais económicos para a nova fatiota.
Continuação de festas felizes.