sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

na tarde longa


Vi passar a tarde. Calmamente.
Ah como é bom entrar nas tardes longas e quentes de uma Luanda de sempre, apenas de cara lavada, sofisticada ou simplesmente antiga ou em desuso conforme o local onde nos encontramos...
Aqui, na Ilha, o tempo passa devagar. Gostoso e preguiçoso. E o vento que sopra nos segreda que este é o lugar que procurávamos para nos darmos encontro.
Uma menina, empunhando uma bacia de plástico azul, chega até mim. Oferece paracuca e jinguba simples. Eu conto os sacos que ela tem feitos e as pessoas que ficaram do outro lado de lá da linha do horizonte que está lá ao fundo. Peço oito saquinhos. A kamba que está ao meu lado pede jinguba, enquanto a menina oferece um saco aberto para que eu prove a paracuca. Cuiou feio. Eu que até nunca fui muito apreciadora de paracuca, desde que fui para Portugal que a transformei numa guloseima de primeira. Esta paracuca foi feita à pouco tempo. Percebe-se. Cada saco custa 200 kuanzas.
Comprei sem regatear. Passei de madrinha, tia ou mãe, a amiga. Mas o tratamento nunca deixou de ser afectuoso. Como sempre aliás.
Há quem leve maçãs, água, iogurtes, para os lanches na praia. Nós hoje comemos jinguba. E depois no bar da praia, no Bordão, choco frito. Uma vez não são vezes, porém as vezes têm sido diárias. Ontem pankamos quitetas e pregos, bebemos cerveja e eu adormeci às 10,30 horas, sem hipótese de ter os olhos abertos e as cinco oitavas no lugar tal a sonolência. Hoje nem uma gota de álcool.
Não vim para Luanda para comer, e pareço uma enfardadeira. Não vim para Luanda beber e desde champanhe a cerveja é o que se queira. Não vim para Luanda dormir e por duas vezes me deitei entre as 10 e as 11 porque adormeci com gente a falar para mim. Vê se pode, isto???????
Não há dúvida que não se pode dizer que desta água não beberei ou melhor - Que nesta terra não exagerarei...
É caso para dizer que, perdoa-se o mal que me faz pelo bem que me sabe.

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