Que dia!...Que noite!...
Mas a vida não pára. E o Natal está aí à porta.
Saí de casa direita ao Colombo para comprar uns presentes. Não sei o que se passa comigo que tenho adiado esse procedimento. Não me apetece, sei lá...
Eu gosto do Natal. Das luzes nas ruas. Das árvores de Natal, bonitas e cheias de bolas e enfeites.
Dos cânticos. Do movimento das lojas. De sacos e caixas para presentes. Das filhós. Do Bolo Rainha, que bolo-Rei não sou fã, porque não gosto de fruta cristalizada, de rabanadas ( adoro ) e de aletria. Gosto de frutos secos e polvo panado. Até gosto de bacalhau com batatas e couves, que nesse dia me sabem pela vida. Afinal tenho uma boquinha abençoada.
Gosto de receber presentes. Adoro dar presentes. Porquê esta preguiça para os escolher este ano? Varreu-se-me da idéia o gosto das pessoas, à altura da minha bolsa.
Entrei em várias lojas e apenas comprei dois presentes, mais um. Dois de aniversário e um de Natal. Pouco, muito pouco o que me faz pensar que para a semana vai ser mau.
Dei por um pormenor curioso. Há lojas no Colombo que estavam vazias. E outras que ofereciam vales com 15% de desconto se acaso comprássemos algo de valor superior a 25 €, o caso da Nature ou um vale com 20% de desconto nas compras da Springfield. Como é que não me há-de dar a preguiça? Isto está mau, mesmo, e o povo já sabe.
Mas eu vou queixando-me de barriga quase cheia. E dou-me conta disso quando percebo que ao pé de mim já há gente a não receber salários. Se o meu me faltar, nem quero sequer pensar.
Há dias que parece que o mundo nos cai em cima.
Um temporal violento e eu com a tralha às costas, literalmente. Por vezes olho por mim abaixo como este domingo feio e triste e só me faço lembrar a pipi das meias altas, tal o aspecto.
À saída de casa, mesmo ali à porta, existe um espelho para a banga, que nos dá a imagem de nós no tamanho certo. Olhei-me como sempre faço e tive de rir de mim própria. Calças para dentro das botas, casaco de malha até quase aos pés, cachecol, chapéu da chuva, carteira, luvas, troley, computador, Pitanga na sua caixa...se alguém se risse de mim nestes propósitos, ficaria fula, mas eu fui observando de fora e ... só mesmo para rir e dizer - maria clara ao que tu chegaste...e quando me digo isto se não sacudo a cabeça e se não empino o nariz, a coisa fica feia.
Mas há sempre alguém. Que nos trata bem e nos diz que ainda há gente boa. Os anjos que nos visitam a vida ainda que por breves momentos.
O taxista Ricardo, da central de Odivelas foi o meu anjo em dia de temporal e bagagem exagerada. Já me tem levado para Sete Rios. Bem como à cria para outras paragens. Chamei-o a ele, pensando que estava a chamar o Sr. Rodrigues que me dera o cartão para o que desse e viesse. Em boa hora apareceu o Ricardo, um rapaz que ainda não chegou aos 30 anos, delicado, simpático e conversador. No Oriente, quase que só a nado se entrava para a estação. Ele, o anjo taxista aliviou a minha carga pesada, dizendo-me que desligaria a viatura e iria pôr-me as imbambas mesmo à linha nº 1, para Tomar. Comoveu-me.
Lá subimos, eu com a Pitanga e ele com o resto. Comprei o bilhete e só quando estava na linha nº 1 ele se despediu. Apeteceu-me dar-lhe um abraço do tamanho do Mundo, fi-lo na intenção, olhando-o agradecida, perante o olhar de Deus, Esse Deus que não me abandona e me dá sempre a possibilidade de me sentir grata.
Uma vez chegada a Riachos, tinha outro anjo a telefonar-me dizendo que estava a chegar de Coimbra e já passara as portagens. O mano Zé. Só mesmo um mano Zé para fazer Coimbra/Torres Novas enfrentando a auto-estrada e o medonho temporal, para chegar na hora do meu comboio. A familha, como se diz na minha terra, não está ao preço da chuva. Vale ouro.
Que tempo! Que noite!...
Apesar de tudo eu sou uma abençoada...em dia, quer dizer, noite de temporal.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
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1 comentário:
És sim, uma abençoada..por teres uma alma tão linda!
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