terça-feira, 3 de maio de 2011

no sabor da corrente

foto tukayana.blogspot

O lugar me espera. Junto ao rio. Na beira-água secular. Os bancos, muitos, à escolha. É só fazer pim-pam-pum e poderei sentar-me de frente para os patos e para os peixinhos que brincam na corrente que algures irá dar ao mar, e de costas direitas, pés paralelos e juntos, olhos nos olhos com o castelo, com os chorões da beira-rio, com o jardim das rosas, onde há mesmo rosas a sério, sonhar. É! Olhos nos olhos, nessa atitude transparente de ser, de seres, me faz pensar-te. Será que ensurdeceste e não me ouves? Ou a minha voz chega feita silêncio a ti, que nem dás por ela? Será que de tanto olhares para longe já não me enxergas? Ou desaprendeste as palavras e desconsegues fazer a interpretação do texto, e a sua pontuação, como antes, na carteira da escola? Me parece que és bom na língua portuguesa. Direi mais, vamos pôr bom nisso... Não. Não digas que é porque estás para lá de indiferente ao meu banco de pedra. Ao prazer que vou sentir se te sentares ao meu lado, de costas direitas, pés paralelos e juntos, e assentes no chão, olhos nos olhos...em mim. Em ti. No sonho de sonhar acordado. Não. Não quero saber. Se isso significar que nem em sonhos me queres ali ao lado. Só para olhar a corrente, na velocidade da água correndo para baixo. Para longe. Ao encontro do mar. Só porque sim. Só...

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