terça-feira, 17 de maio de 2011

te espartilharia e ficaria




Queria encontrar-te na memória. Tocar de cor tua história. Saber-te perto de mim, assim mesmo, a me dizeres, voz bonita e sotacada, que me gostas. Ontem, igual, tal e qual que nem hoje. No beijo que me darias, e no olhar que te guardaria na estante dos meus passados, eu te espartilharia e ficaria. Não temos o vento a favor. Nem o tempo, temporal, raios e coriscos que isto não é para brincadeiras. Nunca que nos cruzámos nas voltas que o mundo deu. Nunca que juramos, promessas, sangue de cristo que até o dedo indicador raspou no pescoço e se sacudiu na mão que nos deviamos dar para passear na praia da nossa afeição. E sonhar. Se hoje te estou a falar, amanhã és o meu passado nesta memória recente. Não és mito, nem presente. Se falar verdade daquela verdadeira, tenho de dizer que és meu vício. Companhia. Um minuto. Intervalo. Alegria. És meu banco de sentar. És o mote p'ra sonhar. Mas o que eu queria mesmo era acabar com as lembranças, delírios e pesadelos, e narrar outra estória, mais feliz, mais verdadeira onde tu me sussurrarias que me gostas desta maneira, assim me olhando nos olhos, no profundo de ti e de mim.

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