- Por favor, sabe de um restaurante para comer frango? perguntou-me uma mulher sozinha e aparentemente da minha idade, falando num espanholês perfeitamente perceptível. Eu descia os Restauradores a caminho da Praça da Figueira. Parei para responder e verifiquei que ela se escapava de um metediço, com ar desleixado, que me disse: deixe lá que eu ensino a senhora. A turista em questão, agarrou-me o braço e disse: Posso ir com a senhora? Ele está aqui para roubar. A senhora não sabe do restaurante?! No hotel disseram que era por aqui. Mas aqui na baixa tem muitos, onde pode comer bem, esclareci. Continuava a caminhar ao meu lado. Subitamente, olhou-me para os pés e disparou? - Você não cai dos saltos, nesta calçada? É perigoso. Como é que consegue? Eu não uso. Vieram-me à memória todas as quedas que dei, sempre de sapatos rasos, ou quase sempre. Em seguida passou à crítica aos franceses. Aqui tem muitos franceses. Isto quando passaram por nós vários turistas franceses. Eles são antipáticos não acha? Eram demasiadas perguntas. E o que devia responder? Sei lá se são antipáticos. Já lá estive e não tive grande razão de queixa, embora ache que falam muito alto, são indiferentes e um pouco desarrumados. - Acha? perguntei. - Acho! Você é espanhola? continuei. Não, sou da América do Sul. Não quis dizer o país ou não achou importante. Não insisti. Não me interessava saber. Começava a chover e estávamos já no Rossio. Parou para comprar um chapéu de chuva. Despedi-me. Desejou-me salud. Desejei-lhe boas férias. Repetiu: Salud senõra. Fiquei a pensar nos saltos e na observação. Na chuva, na calçada e nas quedas. Nas férias...
segunda-feira, 30 de maio de 2011
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