sexta-feira, 20 de maio de 2011

mais um

Quando uma pessoa vai para velha até...deixem lá, que ia sair disparate. Quando uma criatura vai para velha tudo lhe acontece. Tinha jantado um ensopado de cabrito com grelos, de companhia com gente que amo muito, um deles, há uns anos que não nos abraçavamos num daquele abraços maiores do que o Universo, pelo que desta vez não nos fizemos rogados. Estava na hora das despedidas. Até sabe-se lá quando. Doi-me sempre muito. Doi-me literalmente.

Levantei-me para fazer um pipi e lavar as mãos. Tinha uma viagem de mais de três horas para fazer, nas Ás todas que o norte tem. A24, A25, A1, A23...Não conhecia a casa de banho do restaurante paronâmico a caminho de Murça, antes das curvas começarem, que nos oferece uma paisagem deslumbrante. Abri a porta e encontrei escuridão e duas paredes. Procurei o interruptor por apalpação. E zás! Quem disse que não se pensa? E não se assusta? E não entra em pânico? É mentira. É rápido mas sabemos exactamente o que está a acontecer quando vamos galgando degraus, saltando-os até pararmos, assim lá para o 8º, com as mãos cheias de sangue e em carne viva, falanges sem pele, cotovelos esfolados, pé torcido e tornozelo dormente. O que é que eu faço a isto? Alguém me diz? Eu não acredito que tenha tanta queda para a queda, o tralho, a asneira. Logo pela manhã deixara no sapateiro dois pares de sandálias que rebentei em quedas que dei no verão. E ao calçar umas terceiras, estas novas, disse de mim para mim, maria clara, vais toda empiriquitada para lá do marão, mas ali mandam os que já lá estão. Se cais lá, se vão umas sandalocas acabadinhas de estrear que te custaram os olhos da cara, num devaneio aquando da estadia na Nazaré na semana da Páscoa. E se o pensei, mais depressa aconteceu. Tenho para mim que devia comprar daqueles sapatos ortopédicos em rede que as velhas usam. Tenho para mim que não devia pôr o pé na rua, embora um dos meus maiores espalhanços que até fiquei sem fala foi numa passagem de ano dentro de casa, há uns anos atrás. Hoje as minhas mãos que foram as mais atingidas, no desespero de tentar agarrar-me, doem-me que eu sei lá. Meto-me em caminhos apertados e depois dá nisto. Mas, tudo bem, quando acaba bem. Até à próxima.

6 comentários:

maria disse...

Ó mulher, tu tem cuidado.

Ana Maria disse...

Para ti,mais tombo menos tombo!!! nem fazes as coisas por menos!! Um dia ainda vais ter que arranjar andarilho.!! e, só bebes Cola. Agora imagina se dás em fazer-me companhia nas cervejolas!!!

Maria Clara disse...

À tua conta já viste algumas vezes os meus espalhanços, mas como sou uma mulher de fé, se calhar isto um dia muda e eu andarei direitinha que nem um fuso.Vais ver. A calçada portuguesa tem sido muito culpada desta minha situação, os saltos também e...olha não arranjo mais desculpas. Ainda bem que declaras aqui e agora que ainda não me iniciei na cerveja pois que de repente iam pensar que era das geladinhas. Não que me me importe muito mas não é verdade. Fica bem.

constancia disse...

Bom, desejo que já estejas recuperada, mas isso já é de mais...com tantos tombos, ainda arranjas algum trinta e um. Cuida-te. Beijinhos

Maria Clara disse...

Eu cuido, faço por isso, mas...deixa para lá. O que for soará! Estou aflitinha das feridas nas mãos que ardem que eu sei lá. Mas vai passar.
Beijos amiga, Bom fim de semana.

david disse...

outra vez? acho que é dos sapatos. bj bj