sexta-feira, 4 de junho de 2010

Na corda bamba


Adoro! De Armando Manzanero. Cantor romântico de meninos e meninas apressados para crescerem.
O nome duma canção que nos outros tempos, aqueles de outras paragens, outras décadas e outros bateres de coração, quem sabe mais apressados, mais frágeis, mais ansiosos, esperando abrir o salão nos braços do príncipe, nesses outros tempos de um antigamente que já só volta nos sonhos sonhados de olhos fechados ou nas farras de amigos que ainda o são, arrancava suspiros de impaciência e pressa...
Nunca mais sequer me ocorrera que um dia, muitas noites de espera, ansiedade e romantismo, eu ouvia esta música. Adoro! De Armando Manzanero.
Sou antiga. Muito antiga. Do século passado. Como esta e outras músicas que ouvi ontem. Numa festa, verdadeira farra dos antigamentes. Quando nos quintais dos bairros como a Vila Alice, na sombra das macieiras, palmeiras e mangueiras, nos juntávamos, que era até de manhã. Nem a polícia travava a alegria e o prazer de viver. Mas isso, isso foi há mais de trezentos anos...
Ontem regredimos para o passado. Regredimos não está bem dito. Voltamos atrás mas avançámos. Numa escada de dez degraus, ganhámos, porque subimos vinte, ao acrescentarmos tempos de uma ternura, de recordações, de amor e amizade, de saudade, contentamento e paz que parece que estamos a subir a escada do céu, dançando alegremente ao som de harpas e cornetas celestiais. Ao som da música africana, angolana e não só. E sul americana. Cubana e brasileira. Merengues, sembas, kizombas, sambas...
Acompanhando na mesa, de funge de carne com farinha de bombô. E feijão... e espetadas e camarão...
Todo o dia comendo do sabor da nossa terra. E bebendo...também as histórias da Caop, do S.Paulo e do Bairro Operário. Da Vila Alice. Das tradições, dos óbitos do nosso povo.
Do carro do fumo, do carro da água. Da Cagalhoça e suas meninas. Do Baba que " inxige "um fato às riscas para ir a um casamento, da Joana Maluca de quem eu tinha pavor mas que dava beijos na São, com aqueles lábios grossos, bué beiçurra, babando-se como o Baba; que nojo, pobre São!
Da manteiga Zarco, dos gatos apanhados no quintal que viravam saco de pancada do Luisinho, do pão com manteiga e açúcar, sabendo a fiambre, dos Natais, dos cânticos e do Pai Natal negro...
Uauê! Uauê! Hoje estou de ressaca. De um dia tão proveitoso! Que nem toquei numa gota de álcool...mas preciso digerir os sentimentos.
Porquê que não moramos todos na mesma cidade? Porquê que no dia seguinte fica um sabor de saudade que aperta o peito? Porquê que cada dia é uma despedida? Porquê que estamos sempre no princípio do fim? Na corda bamba da vida, um pé em Angola e outro balançando para nos equilibrarmos nesta terra que também é de Deus porque nós temos fé??
A culpa não é nossa mas nos fizeram carregar este destino que sacudimos teimosamente para não ser maldição.
Família, do peito, como irmãos, foi bom estarmos juntos, ainda...
Obrigada Zezé, Lena, Milú, Edgar, Ana Rita, Mimi...
Obrigada mãe, pai, mãe Eduarda que nos fez deste jeito e Angola, que é sempre o motivo, o pretexto, a causa e a consequência destes encontros que quero eternos.

5 comentários:

Anónimo disse...

despedida???fim??????

no teu pono de vista pork no meu são reencontros, início á lão vão 46 anos, e fim???? k fim?????????

por falar em despedida liguei-te hoje de manhã, já no aeroporto não para me despedir mas sim pra dizer
«mungwenu» tou a bazar.....caté 1 dia destes

obs: em outubro podemos bisar o reencontro, volto de férias...

Maria Clara disse...

são palavras. Paroles, paroles...
aka, até Outubro hás-de vir em trabalho não? nem falamos sobre isso.
A nossa terra está linda? não respondas já, pke não será a resposta que eu quero ouvir. Habitua-te 1º ao trabalho de novo e depois então diz-me se Luanda continua linda...e não te esqueças das fotos com curiosidades, daquelas que o anexo contou que existem, dignas de editar, de genuínas que são. beijo.

Anónimo disse...

Aka! Quem não tem recordações? Como não sonhar com Ângela Maria, Silvinho, Nelson Ned, Albertino Fortuna, Lindomar Castilho, Evaldo Braga, Carlos Alberto, Roberto Torres, Júlio Jaramillo, La Calandria, José Feliciano, Papaito, Alberto Cortez, Francisco José, Lalo Rodriguez, Celia Cruz, Gigliole Cinquetti... Quem? Da próxima vez - teremos outra vez? - estas e outras vozes.
Obrigado, malta. Pelo dia que nos proporcionámos. Bem hajam!
Zezé

Maria Clara disse...

Oi Zezé! Que bom que vieste escrever ao meu " cubico ". Obrigada amigo pelo dia bom que passámos todos e pelas músicas que tive oportunidade de recordar. E pelos CDs que me gravaste. E por tudo, e tudo e tudo e tudo.
Vai haver mais vezes sim. Temos que nos empenhar em nos juntarmos de novo. Cada um mora no seu quimbo e uns bem longe, do outro lado do mar, mas com boa vontade tudo se consegue. Para voltar a passar outro dia como esse eu de olhos fechados digo já que sim, aprovo, estou pronta, é para já.
Muito obrigada e um abraço. Volta sempre aqui ok?

Anónimo disse...

td muito bonito mas não é necessário k eu esteja aí para k voces se reencontrem.....kumé???? tenho k ser eu a empurrar o barco???então, vamos lá, «reencontrem-se» de vez em quando, trocaram os nºs dos teléles??? ORGANIZEM-SE!!!!!!!chamem a MENA também, ou até combinem com ela e a minha kanuca (se tiver disponível) ela também gosta dessa «kizomba» e faz anos este mês.....
Comigo agora fic mais complicado só lá para outubro nas férias ou com um bocado de sorte ..em fins de julho (tenho um ás na manga, ainda é segredo, e espero conseguir).....